Usuários da Cracolândia tinham casa própria ou moravam com parentes antes de ir para as ruas

Kauê Olah Lopes Por Kauê Olah Lopes
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De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, que traçou o perfil de frequentadores da Cracolândia nas cidades de São Paulo, Brasília e Fortaleza a pedido do ministério da cidadania constatou que, a maioria dos usuários tinham casa ou moravam com seus parentes antes de ir para as ruas. 

Em Brasília, os pesquisadores descobriram, que 58% das pessoas que se reúnem para fazer o uso do crack nas quadras do setor comercial sul vieram de outros estados do país e 37, 7% dos usuários disseram que frequentam o mesmo ponto há mais de 10 anos.

Já em fortaleza, 76,6% dos dependentes químicos estão espalhados em diversos pontos do bairro do Moura Brasil e eles vêm da própria capital cearense. 54,3% disseram que vivem e dormem nas ruas durante a noite. 

Na cidade de São Paulo, o levantamento aponta que houve um aumento no percentual de mulheres que usam implante anticoncepcional, o que ajuda a evitar uma gravidez de risco . Em 2019 esse número era de 5,9%. Já em 2021, 16, 2%. 


Pesquisa aponta que a maioria dos usuários da Cracolândia não estavam em situação de rua antes do vício (Reprodução/O Tempo)


Porém, entre todos os resultados deste estudo, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o de pessoas que afirmaram que tinham casa própria ou moravam com parentes antes de ir para as ruas. 60% em Brasília, 73% em São Paulo e mais de 75% na cidade de Fortaleza. 

Segundo a psicóloga Clarissa Sandi Madruga avalia que esses números revelam que é o agravamento da dependência química que leva as pessoas a viverem nas ruas e não ao contrário. 

“Eles não estão em situação de rua primeiro e depois vão para o consumo abusivo e a dependência química. É o contrário. Eles vem de suas casas , ou seja, é uma dependência química que vai agravando até chegar ao ponto que essas pessoas perdem seus vínculos familiares, perdem seus empregos e daí sim, entram em vulnerabilidade social, entram em situação de rua”, Diz Clarisse.  

O psicanalista Jorge Broide, professor da PUC -SP, Diz que o fim das Cracolândias depende de ações que levam em conta problemas que vão muito além do que se vê nas ruas.

” Isso vai ser resolvido com políticas públicas que tratem da saúde mental, da saúde, da educação, habitação, políticas integradas. E é importante dizer que quando a sociedade coloca as pessoas nessa situação de desamparo, não coloca somente essas pessoas, coloca a cidade como um todo”, explica . 

 

Foto destaque: “Prefeito de São Paulo anuncia ações para dependentes na Cracolândia.”

Reprodução/ Agência Brasil – EBC

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