Após a reforma da previdência francesa ser aprovada nesta quinta-feria (16), manifestantes foram às ruas protestarem contra a decisão do governo. As forças policias da França prenderam 310 pessoas que participavam do ato. Sacos de lixo espalhados pelas ruas de Paris, devido a paralisação da coleta que já dura 10 dias, foram utilizados pelos manifestantes para atearem fogo.
De acordo com um balanço da polícia cerca de outras 24 cidades da França registraram manifestações, que somaram um total de 52.000 participantes. Cidades como Rennes, Nantes e Lyon também tiveram ocorrências de incidentes. Cerca de 54 agentes de segurança ficaram feridos.
Lixo sendo queimado por manifestantes em Paris, em 16 de março de 2023. (Foto: Lewis Joly/AP)
O governo francês utilizou o artigo 49.3 da Constituição do país, para aprovar a reforma da previdência. Esse artigo dá ao governo poder para aprovar qualquer proposta sem a necessidade de obter votos de parlamentares na Assembleia dos Deputados. Emmanuel Macron usou deste artifício pois tinha medo de que a reforma não obtivesse o número necessário de votos para aprovação.
Mas nesta sexta-feira há a expectativa de que os deputados apresentem o “voto de desconfiança”, outro dispositivo constitucional que pode barrar a decisão do governo. A votação deve acontecer na próxima semana. Se aprovado Élisabeth Borne, primeira-ministra da França deixará o cargo.
Em uma pesquisa da Toluna Harris Interactive para a rádio RTL, mostrou que mais de 8 em cada 10 pessoas estão insatisfeitas com a decisão tomada pelo presidente Macron. E 65% da população francesa concordam com as greves e manifestações e querem que continuem.
Dentre os pontos polêmicos da reforma estão o aumento da idade mínima para aposentadoria de 62 anos para 64 anos a partir do ano 2030 e a exigência de contribuição que aumentou para 43 anos, atualmente 42 anos, para o trabalhador receber a pensão integral.
O presidente Emmanuel Macron esta sendo duramente criticado pela imprensa local por tomar a decisão de utilizar o artigo constitucional. Os jornais dizem que a utilização deste mecanismo demonstra a “fraqueza” do presidente. Para o ministro do trabalho, Olivier Dussopt, o uso do artigo “não é um fracasso” e o porta-voz do governo, Olivier Véran, diz que “nossa vocação é continuar governando”.
Foto destaque: Manifestantes em protesto contra a reforma da previdência, na França. Reprodução/Reuters-Stephane Mahe