As influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves serão intimadas nesta sexta-feira (16) a prestar outro depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), após uma denúncia de tentativa de suborno e coação.
Na última quinta (15), a mãe da criança que foi filmada recebendo um macaco de pelúcia compareceu a delegacia para denunciar os crimes. Outras três crianças também foram ouvidas pelas autoridades. Rita Salim, delegada titular da Decradi, informou já ter aberto um novo inquérito para investigar se a mãe foi coagida pelas influencers.
Criança gravada recebendo macaco de pelúcia de influenciadoras. (Reprodução/Rafael Nascimento/g1 Rio)
A catadora de recicláveis, em conversa com a polícia, reafirmou que em momento nenhum autorizou a gravação, e teve conhecimento do caso apenas após a repercussão na internet. No dia 9 de junho, ela já havia procurado a delegacia para registrar o caso. A mãe contou que estava em casa no momento da gravação e que suas três filhas, duas gêmeas de 8 anos e uma de 10, saíram para comprar pão e foram paradas pelas influenciadoras.
“Ela parou a minha filha de 10 anos e perguntou se podia gravar. Minhas filha achou aquilo estranho e disse que iria me chamar, mas elas falaram que sempre gravavam com crianças e que não era nada demais. Depois da gravação, a minha filha insistiu e foi me chamar. Como eu não entendo nada disso, elas falaram comigo que minhas filhas eram uma graça e foram embora sem citar a gravação”, recorda a mulher.
A mulher achou que o macaquinho de pelúcia era um presente de algum conhecido, e que só soube o que estava acontecendo quando a uma de suas sobrinhas informou sobre o racismo. A mãe disse que foi coagida pela dupla para que não denunciasse o caso.
“Ai, depois que veio à tona, a Nancy me procurou dizendo que iria me dar uma cesta básica, me daria dinheiro para eu ir na advogada dela e que tudo estava resolvido. É obvio que ela estava tentando me subornar”, contou a catadora de recicláveis.
Na terça-feira (13), a juíza Juliana Cardoso Monteiro de Barros, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, ordenou o bloqueio das redes sociais da dupla por seis meses. Dois dias após a ordem, as contas no Youtube, Instagram e TikTok continuam ativas. Para a juíza, os crimes são amplificados por conta “número expressivo de seguidores inscritos nas redes sociais”. A dupla soma 17 milhões de seguidores nas redes e publicam vídeos de assistencialismo, testes de maquiagem e pegadinhas.
Foto destaque: Kerollen e Nancy. Reprodução/Twitter