Matteo Messina Denaro, chefe da máfia siciliana cuja morte foi anunciada no dia 25, foi o último líder ainda vivo da era mais sanguinária da máfia italiana. Matteo ficou foragido por três décadas, até ser preso em janeiro deste ano. Líder do grupo criminoso Cosa Nostra, acredita-se que ele foi o responsável por encomendar a morte de dezenas de pessoas. A morte dele, no entanto, não significa o fim da máfia italiana.
Fim de uma era
Com o fim da liderança de Denaro, agora a organização mafiosa siciliana se reorganiza para evitar as autoridades e voltar para as sombras. O procurador nacional antimáfia, Pietro Grasso, explica que a organização, embora enfrente mudanças, continua viva:
“Com a morte de Matteo Messina Denaro, termina uma vida cheia de violência, conspirações e mistérios. Também termina uma era de Cosa Nostra, mas não a Cosa Nostra. Não terminou com a morte de Salvatore Totò Riina, nem com a de Bernardo Provenzano, nem termina hoje. A Cosa Nostra muda, evolui, transforma, mas continua a ser o principal obstáculo para uma Sicília e uma Itália livres do jugo da violência, da chantagem e da pobreza”, disse ele.
De acordo com o último relatório da Direção Antimáfia, a prisão de Denaro tirou da máfia uma “figura de referência histórica e relevante e agravou as suas dificuldades de longa data em encontrar líderes respeitáveis”. Ainda segundo a Direção Antimáfia, no entanto, isso não afetou o funcionamento da organização e tampouco reduziu a pressão criminosa que ela exerce na Sicília.
Matteo Messina Denaro, chefe da máfia italiana, dentro de uma viatura policial após ser preso em 16 de janeiro. (Foto: reprodução/g1)
“O último poderoso chefão”
Conhecido como “o último poderoso chefão”, Matteo Denaro foi considerado pela promotoria itaiana um dos três principais líderes do grupo Cosa Nostra. Conhecido por sua crueldade e costume de torturar prisioneiros, Denaro se vangloriava de ter enchido “um cemitério inteiro”.
Ele ganhou notoriedade durante a onda de ataques na década de 1990, durante a qual os juízes antimáfia Paolo Borsellino e Giovanni Falcone foram assassinados. De acordo com Maurizio de Lucia, procurador-geral de Palermo, Denaro foi “uma figura muito importante na dinâmica da máfia porque foi criado por Totò Riina, por isso conhecia bem não só as regras da organização, mas também muitos dos segredos, especialmente dos anos 1992 a 1993, os anos dos massacres”.
Matteo Denaro, condenado diversas vezes à prisão perpétua, morreu aos 61 anos. Quando foi preso, “o último poderoso chefão” tratava um câncer de cólon.
Matéria por Francisco Zerwes (Lorena R7).
Foto Destaque: Matteo Denaro, chefe da máfia italiana, preso pela polícia italiana em janeiro. Reprodução/Exame.