Ao se candidatar para morar ou trabalhar nos Estados Unidos, as pessoas serão averiguadas quanto ao “antiamericanismo”. Um dos requisitos passa a ser a verificação de suas redes sociais. As autoridades fizeram o anúncio na terça-feira (19), visando endurecer as restrições, o que alarmou advogados e defensores da imigração.
A USCIS (Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA) afirmou que, com a atualização da política, os agentes de imigração poderão acompanhar se os candidatos tiveram “qualquer envolvimento em organizações antiamericanas ou terroristas” ou se há “evidências de atividade antissemita“.
A averiguação de redes sociais já faz parte da triagem de imigração desde julho pela administração Trump, e será expandida para que se possa verificar qualquer “atividade antiamericana”, segundo o comunicado.
Revogação de vistos
Com as novas ações que remetem ao mais recente passo na repressão de imigração pela administração, teme-se que imigrantes e estudantes internacionais percam a coragem de ir para os Estados Unidos.
Governo norte-americano vai fiscalizar redes sociais de candidatos a vistos, com intuito de impedir “antiamericanismo” (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)
Na segunda-feira (18), um funcionário informou que neste ano o Departamento de Estado revogou mais de 6 mil vistos de estudantes. O Departamento vem atuando junto dos consulados e embaixadas no que diz respeito a averiguar se os candidatos a vistos de estudante demonstram ter atitudes hostis aos cidadãos americanos, cultura, governo, instituições ou princípios fundamentais.
Em um comunicado à imprensa na terça-feira (19), o porta-voz do USCIS, Matthew Tragesser declarou que:
Os benefícios da América não devem ser concedidos àqueles que desprezam o país e promovem ideologias ‘antiamericanas’.”
O porta-voz disse ainda que a agência de imigração pretende se comprometer em implantar políticas e procedimentos que removam o “antiamericanismo” e apoiem a ação de medidas rigorosas de escolha e observação na maior extensão possível. Não existe uma definição específica para o termo “antiamericanismo”, porém tal nomenclatura pode estar ligada a pessoas que apoiaram o “terrorismo antissemita, organizações terroristas antissemitas e ideologias antissemitas“. Contudo, o termo pode estar relacionado a uma seção da INA (Lei de Imigração e Nacionalidade) de 1952, como exemplo de ideologias “antiamericanas”.
O que diz a lei
Na estrutura da Lei, uma lei legal e abrangente dos Estados Unidos, comunica que certas pessoas são proibidas de se tornarem cidadãos naturalizados, sobretudo aqueles que estejam incluídos em vários partidos comunistas, que defendam “o comunismo mundial”, escrevem ou distribuem materiais de forma contrária a “todo governo organizado” ou aqueles que pensam derrubar o governo americano por força da violência.
Estados Unidos apenas para americanos (Foto: reprodução/Instagram/@cnnbrasil)
O aviso provocou de forma imediata tumulto e alarme com fóruns online que debatiam o que poderia ser considerado como “antiamericanismo”. Para muitos, a preocupação está na redação vaga e na falta de definição clara, o que poderia acarretar aos agentes de imigração, o poder de reprimir ainda mais a imigração, mesmo sem saber, de fato, se está acontecendo uma ameaça genuína.
Aaron Reichlin-Melnick, pesquisador sênior do Conselho de Imigração Americano, disse que está medida o fez lembrar do Macartismo, que ocorreu nos anos 1950 e que também ficou conhecido como Ameaça vermelha, uma vez que as autoridades processavam indivíduos de esquerda devido a um pânico público generalizado por conta do comunismo e sua influência nas instituições americanas.
