Estreia da Netflix muda completamente por conta de Neymar e Casimiro

Carlos Eduardo Miranda Por Carlos Eduardo Miranda
8 min de leitura

No ambiente online é difícil manter a exclusividade de um produto em um determinado serviço de streaming. Com a popularidade crescente de streamers que necessitam de conteúdo para assistir ao lado do seu público, muitas companhias investem em exclusividade sobre o streamer em sua plataforma ou o contratam para promover campeonatos de e-sports e programas.

Um exemplo recente que pode mudar completamente a dinâmica entre streamers e plataformas de streaming foi o caso do streamer Casimiro.


Casimiro durante live mostrou poster da série documentário (Reprodução: iBahia)


Ontem (25 de janeiro, terça-feira) estreou o aguardado documentário produzido pela Netflix “Neymar– O Caos Perfeito”, porém um dia antes disso Casimiro transmitiu o episódio ao vivo em seu canal da Twitch, maior plataforma de lives e streamers que pertence a Amazon, competidora direta da Netflix com seu serviço de streaming Amazon Prime Video.

A permissão para que ocorresse a transmissão veio de uma campanha do próprio Casimiro que logo recebeu autorização da Netflix e do próprio Neymar, que viram como uma oportunidade de marketing para o documentário. A oportunidade foi um sucesso com mais de 510 mil pessoas assistindo simultaneamente a live, foi um recorde para o Casimiro e a plataforma.

Diretor revela bastidores

David Charles Rodrigues, o diretor do documentário, respondeu algumas perguntas sobre os bastidores da produção, confira a seguir:

– Como documentarista, você é imparcial, mas conte com qual imagem você iniciou e com qual terminou do personagem:

“Eu entrei no processo sem uma imagem formada, mas, na primeira vez em que fui filmar com o Neymar, vi o quadro dele como o Batman e o Coringa na mesma pessoa, e logo percebi que aquela imagem falava mais sobre o Neymar do que qualquer outra coisa que eu tinha lido ou visto. Mas, pelo fato de ele ter o quadro em destaque na sala dele, era um indicativo de que ele tinha autoconhecimento desses dois lados do ser dele. Quando terminei as filmagens, duas surpresas se destacaram: a primeira foi a autenticidade do Neymar, ele não mediu palavras em hora nenhuma, nada do que ele fez foi pensado e calculado. Acho que ele estava no momento de vida em que ele finalmente estava pronto para mostrar todas suas dimensões ao mundo. A outra transformação foi de poder testemunhar o amadurecimento final dele; ele já estava no processo; mas a temporada de 2019/2020 foi a revelação ao mundo de que o Menino Ney que todos conheciam se tornou o adulto Ney, isso virou até hashtag e notícia no New York Times.”

– O Neymar poderia ser o grande herói do Brasil, mas a imagem que tem hoje é mais negativa do que positiva. Por que, na sua opinião?

“O Neymar é herói pra muita gente, milhões de pessoas, mas acredito que a missão dele é ser a melhor versão dele em campo e não um herói nacional. Sim, ele poderia ser, mas os objetivos dele são outros. O Michael Jordan poderia ter sido nos EUA também, mas essa não era a dele, ele queria jogar bola e ganhar.  Acho que com o Neymar é a mesma coisa, ele quer ser o melhor Neymar em campo e ganhar o máximo de títulos possíveis, e poder ser ele mesmo fora de campo. Acho que os sacrifícios de um atleta do porte dele são grandes na vida profissional, e, se se colocar na posição de herói fora de campo, acaba não tendo vida nenhuma. É claro que o trabalho dele e da família com o Instituto Neymar é um grande exemplo da diferença que ele pode fazer na vida das pessoas e espero que isso continue se expandindo de outras maneiras, principalmente depois que ele se aposentar.”


Neymar durante documentário (Foto: Reprodução / Netflix)


– Acha que as atitudes o atrapalham também no reconhecimento internacional? Ou é tudo questão de esforço (ou não) dentro de campo?

“Na verdade, o Neymar é mais amado e menos polarizante fora do Brasil. Tirando alguns momentos cruciais como o cai-cai e a tentativa de transferência pro Barcelona que não deu certo, ele não é tão criticado fora do Brasil. “

“Ele não é perfeito e tem hora que ele cria a própria controvérsia em torno dele, mas no fundo acho que ele sabe das consequências e não quer abrir mão de ser 100% autêntico. É engraçado, o mundo da mídia e do marketing ama venerar a palavra autenticidade, mas, no momento em que uma pessoa não tem filtro e é 100% ela mesma, ela é exorcizada de uma maneira.”

– Conte algumas curiosidades dos bastidores.

“Filmar a passagem de ano dele e dos amigos em Barra Grande daria um filme em si!”

– A família te deu acesso completo?

“Sim. Tive acesso total. Eles realmente se entregaram ao projeto e arriscaram fazer uma série na qual eles não tinham a palavra final. A confiança deles em mim e na nossa equipe foi sem igual.”

– Como é um dia típico na vida de Neymar?

“É muito regimentado. Ele acorda, toma café, malha, treina o dia todo, chega em casa, janta com a família e depois vai jogar vídeo-game ou pôquer com os amigos noite adentro. E no outro dia repete tudo de novo. Os poucos momentos dele saindo de casa e vivendo uma vida glamorosa aposto que representam uns 10% da vida dele.”

– O Neymar pai é mais benéfico ou mais atrapalha? (Pois no Brasil há a ideia de que ele está por trás da maioria dos erros do jogador)

“Acho que ao assistir à série as pessoas podem responder essa pergunta por elas mesmas. Essa controvérsia é um dos temas centrais do documentário, e é muito mais complexo e cheio de sutilezas do que pensam.”

– Como é o Neymar quando não está no personagem Neymar?

“É o Neymar que você vê nessa série.”

A série documental está disponível na Netflix.

Foto destaque: Reprodução / Forbes

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