Dr. Faustino da Rosa Junior foi um dos representantes do Brasil na Beyond Expo 2024

Redação INMAG Por Redação INMAG
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Recentemente, o Dr. Faustino da Rosa Junior participou do BEYOND Expo 2024 na China, um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo. Em uma entrevista exclusiva, ele compartilhou suas impressões sobre o evento, discutiu as oportunidades e desafios para o setor tecnológico na América Latina e revelou valiosos conselhos para startups da região.

“Trata-se de um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, tendo sido imprescindível a presença da comitiva brasileira, pois a maioria das grandes corporações asiáticas, especialmente chinesas, têm grande interesse de conhecer e expandir suas atividades e comércio junto à América Latina e, especialmente, junto ao Brasil, tido como um mercado extremamente promissor para a expansão do comércio internacional, sobretudo porque está novamente posicionado com a oitava maior economia do mundo.”

Entrevista Completa com o Dr. Faustino da Rosa Junior

Dr. Faustino, você participou recentemente do BEYOND Expo 2024 na China. Pode nos contar um pouco sobre a sua experiência no evento e a importância de ter representantes brasileiros neste tipo de conferência para o setor tecnológico na América Latina?

Trata-se de um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, tendo sido imprescindível a presença da comitiva brasileira, pois a maioria das grandes corporações asiáticas, especialmente chinesas, têm grande interesse de conhecer e expandir suas atividades e comércio junto à América Latina e, especialmente, junto ao Brasil, tido como um mercado extremamente promissor para a expansão do comércio internacional, sobretudo porque está novamente posicionado com a oitava maior economia do mundo.

Neste sentido, para além da convivência e networking entre outros gigantes CEOs de diferentes segmentos econômicos do mercado brasileiro, pude ter contato com dezenas de outros c-levels e CEOs das maiores companhias de tecnologia asiáticas, destacando-se as empresas de inovação em mobilidade urbana, robótica, biotecnologia, nanotecnologia, tecnologia em equipamentos hospitalares, tecnologia aeroespacial, redes sociais e meios de pagamentos, onde, em conjunto, trocamos muitas experiências e conseguimos vislumbrar muitas oportunidades de expansão de nossos negócios também para o mercado chinês e asiático como um todo. Particularmente, fui demandado por mandatários governamentais chineses também que, surpreendentemente, estão plenamente engajados no intercâmbio e desenvolvimento mútuo de novas relações comerciais e intercâmbio científico e tecnológico, para avançar na expansão da educação corporativa empresarial e médica, dos quais a China e seus gigantescos vizinhos asiáticos ainda são bastante carentes.

Durante sua palestra, você discutiu as oportunidades nos próximos dois anos na América Latina no contexto de tecnologia e inovação. Quais são, na sua opinião, os principais setores que deverão ver maior crescimento e por quê?

Em minha palestra, explorei dois setores que têm se destacado significativamente: o mercado brasileiro de apostas online e o ensino online para educação médica e corporativa. Como gestor de fundos de investimento da FG Investments, tive o prazer de apresentar estas duas oportunidades excepcionais aos investidores e CEOs de fundos chineses presentes. Na verdade, o Brasil constitui atualmente um dos mercados mais promissores para investimentos com altos retornos no curto e médio prazo. Seja pelo aumento da política de taxas de juros ou pelo boom do acesso à internet, todas as operações, principalmente as que atuam no mercado digital, têm feito do Brasil um destino adequado para investidores que buscam investir em startups com rápida ascensão e rentabilidade em mercados novos ou com pouca concorrência ainda.

É justamente neste contexto que se destacam o mercado de apostas e a educação online no Brasil, por exemplo, com números absolutamente impressionantes no ano passado e que rendeu lucros astronômicos para seus investidores. Isso se deve, em primeiro lugar, à expansão e novidade de ambos os mercados para os consumidores brasileiros e que são ainda completamente inexplorados no mercado asiático. Para se ter uma ideia, só o mercado brasileiro de apostas online movimentou impressionantes um trilhão de dólares, somente em 2023, tornando-se o maior e mais desenvolvido mercado de jogos de azar do mundo. Esse impressionante resultado ocorreu em um mercado desregulamentado e, com a recente legalização dos jogos de azar no Brasil e das respectivas casas de apostas online, com a previsão de regras claras, baixa tributação e um processo claro para licenciamento específico, gerou a absorção de mais de 30 milhões de clientes fiéis somente no ano anterior. Com a possibilidade de expansão deste mercado, espera-se um crescimento de pelo menos mais 20 milhões de apostadores até 2024, totalizando cerca de 50 milhões de apostadores ativos, isso só no mercado brasileiro. Dessa forma, há a expectativa de grande potencial de lucro e oportunidades de investimento para atuação neste mercado em expansão, o qual como CEO da FG Investimentos, posso dizer que temos operado uma gestão empresarial e jurídica extremamente eficaz no acompanhamento nestes novos processos de licenciamento e tributação.

Por outro lado, destaca-se também o crescimento do mercado de educação online no Brasil, com foco específico na educação médica e corporativa, ou seja, o mercado educacional digital para o público triplo A. Esse mercado brasileiro movimentou, só no ano de 2023, impressionantes 30 bilhões de dólares. A grande questão é a existência de inúmeros dispositivos fiscais para o ensino online e o baixo custo de manutenção dessas operações, o que permite que startups do segmento atinjam níveis acima de oitenta por cento de rentabilidade. Como caso de sucesso, a FG Investimentos adquiriu a FGMED, maior edtech na área de ensino médico do Brasil, com foco no segmento triplo A, que já faturou mais de 60 milhões de dólares, com margem de rentabilidade acima de 90%, e que se prepara para a realização de seu primeiro IPO. Assim, dada a aproximação comercial entre empresas brasileiras e chinesas, o mercado está extremamente propenso a viabilizar estratégias para realizar investimentos com retorno de curto e médio prazo nestes importantes e inovadores segmentos da nova economia digital.

A América Latina enfrenta vários desafios quando se trata de inovação tecnológica. Quais são os principais obstáculos que a região precisa superar para se posicionar como um hub de inovação global?

O principal problema que também sinaliza qual seria a principal solução para a transformação da América Latina num hub de inovação tecnológica é, sem dúvida, a tributação. Há, de um modo geral, especialmente no Brasil, um afã em desestimular o desenvolvimento industrial e tecnológico por parte do Estado. Isso se reflete na incidência descomunal de nossa carga tributária, que já se constitui na maior do mundo e desestimula de maneira capital, o desenvolvimento de novos empreendimentos. O problema e a solução para isto estão no Direito Tributário. Enquanto outros países, sobretudo os países asiáticos, buscam incentivar o desenvolvimento da indústria nacional por meio da redução de impostos, na contramão, a maioria dos países latino-americanos visam ao aumento de sua carga tributária, desestimulando também a vinda de investidores internacionais, de um modo geral, que acabam enxergando outros mercados, sobretudo o asiático, mais promissores para a instalação de seus pólos industriais e tecnológicos.

Esse protecionismo fiscal constitui-se no maior obstáculo a ser enfrentado pelos governos latino-americanos para transformar nosso mercado num mercado atraente para a criação de um hub de inovação tecnológica em nível local com pretensões globais. Há também uma grande ausência de investimentos governamentais em infraestrutura que também tornam pouco atraente o mercado latino-americano para o desenvolvimento de empresas de tecnologia. Os países asiáticos, especialmente a China, por sua vez, tomaram o caminho inverso. Desoneraram extremamente a produção industrial e tecnológica, além de investirem fortemente em infraestrutura e logística, por isso se tornaram o maior pólo tecnológico do mundo atualmente. A mudança de mercado consumidor de tecnologias asiáticas para produtor industrial de inovação e conhecimento passa pela necessidade desta mudança de paradigma, se quiser que a América Latina mostre-se viável para competir no mercado tecnológico global.

Você mencionou as oportunidades de investimentos em tecnologia na América Latina. Que tipo de estratégias você recomendaria para empresas e investidores que estão interessados em entrar no mercado latino-americano?

É preciso unir-se a grandes gestores nacionais que efetivamente conheçam o funcionamento do mercado de private equity latino-americano, assim como saibam manejar seu complicado arcabouço fiscal. Dessa forma, uniões estratégicas e o recrutamento de c-levels de destaque locais para gerir eventuais sucursais de grandes conglomerados internacionais são uma necessidade que se impõe. O grande desafio dos investidores globais é não buscarem empresas e gestores locais de destaque para realizarem sua expansão. E, neste particular, percebemos que a cultura asiática, sobretudo na Beyond Expo 2024, ainda peca bastante, pois há uma grande resistência de contratação de c-levels locais, pois o que predomina ainda, de forma equivocada, é a política de exportação de gestores e, por este motivo, algumas operações acabam não sendo exitosas, já que as políticas governamentais latino-americanas e o padrão de consumo ainda são extremamente peculiares e distintos daqueles praticados pelos povos asiáticos. Em suma, o sucesso está no equilíbrio e na combinação destes talentos.



Por fim, como advogado especializado em direito digital e investidor, com vasta experiência no setor de tecnologia, quais conselhos você daria para startups tecnológicas na América Latina que estão começando agora e buscando se destacar no mercado?

Eu daria dez conselhos básicos:

Não saia abrindo seu capital, isto é, fazendo IPO sem já ter uma operação consolidada e com um faturamento e fluxo de caixa estáveis e diferenciados no segmento de atuação: isso é mal visto pelos grandes investidores internacionais;
Tenha um sólido e inteligente planejamento tributário: a maioria das startups não subsiste em face da carga tributária;
Invista em recrutamento: as mudanças dos postos estratégicos atrapalham, atrasam e, num contexto de inovação, fomentam a criação de novos concorrentes com o conhecimento prévio do negócio, assim como do seu manejo interno por colaboradores egressos insatisfeitos (o que mais há hoje são empresas que buscam ex-talentos de concorrentes estratégicos no âmbito de empresas de tecnologias inovadoras);
Olhe para a Ásia: os melhores e mais baratos fornecedores e o maior e mais interessante mercado consumidor do mundo está nos países asiáticos;
Contrate conselheiros de mercado: poucas empresas latino-americanas têm a cultura de contratar conselheiros com vasta experiência corporativa e internacional para colaborarem nas tomadas de decisões estratégicas;
Invista na participação de eventos internacionais do seu segmento de negócio: é lá que você conhecerá outros empreendedores do seu segmento, observará sinergias e construirá pontes que poderão se tornar novas oportunidades de expansão ou barateamento de seu negócio;
Interaja com outros empreendedores de mercados distintos mas correlatos ou que estejam localizados fisicamente próximo de você: isso permite construir uma visão mais holística empresarial, necessária para a adaptação mais rápida de qualquer negócio a mudanças de mercado ou mesmo de política governamental que sempre impactam direta ou indiretamente todos os setores empresariais;
Invista na qualificação de seus executivos e, especialmente, de seu CEO: um líder desconectado das rápidas mudanças tecnológicas de hoje em todas as áreas será, com certeza, o maior responsável pelo fracasso de qualquer operação, sobretudo em startups de inovação tecnológica;
Torne seu negócio cada vez mais digital do que físico;
Invista em tecnologia de ponta, inteligência artificial e robótica, se possível, para reduzir seus gastos com pessoal, especialmente na realização de atividades repetitivas, deixando seu investimento em pessoal mais relevante para áreas mais criativas e estratégicas, como comercial, gestores de projetos e conselheiros de negócios.

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