Brasil fecha 2025 com empate sem brilho contra a Tunísia em último teste antes da Copa
Seleção de Carlo Ancelotti mostra pouca intensidade, cria pouco e desperdiça pênalti decisivo em Lille; últim a data FIFA de 2025 termina em questionamento
O Brasil encerrou o ano de 2025 sem vitória no último amistoso antes da reta final de preparação para a Copa do Mundo de 2026. Na tarde desta terça-feira (18), a equipe de Carlo Ancelotti empatou por 1 a 1 com a Tunísia no Estádio Decathlon, em Lille, na França. A partida, marcada pela instabilidade defensiva e pela falta de criatividade no meio-campo, deixou a torcida com mais perguntas do que respostas a poucos meses do Mundial, que será disputado nos Estados Unidos, México e Canadá.
Mesmo repetindo a escalação utilizada na vitória sobre Senegal, Ancelotti viu um Brasil menos agressivo e com dificuldades para furar a marcação adversária. O único desfalque da equipe foi Gabriel Magalhães, substituído por Éder Militão, que atuou mais centralizado. Wesley, lateral da Roma, ganhou oportunidade como titular, mas acabou envolvido no lance que originou o gol tunisiano. Apesar do volume de jogo — superior em posse e número de passes — a Seleção não transformou o domínio em oportunidades claras, desperdiçando inclusive um pênalti no segundo tempo.
Brasil domina posse, mas sofre com lentidão e falhas individuais
O primeiro tempo do amistoso escancarou a dificuldade brasileira em transformar posse em eficiência. Embora o Brasil tenha controlado as ações, com 64% de posse de bola contra 36% da Tunísia, o ritmo lento e a falta de infiltrações deixaram o ataque previsível. A Seleção precisou recorrer a chutes de média distância, quase sempre sem ameaça real ao goleiro tunisiano.
A Tunísia, por sua vez, explorou com inteligência os contra-ataques, especialmente pelo lado esquerdo, com Abdi. Foi justamente por esse setor que surgiu o gol adversário. Aos 22 minutos, Wesley perdeu a disputa e permitiu que o lateral tunisiano avançasse com liberdade para cruzar. Na área, Mastouri dominou com categoria e finalizou na saída de Bento, abrindo o placar em Lille.
Em desvantagem, o Brasil seguiu com dificuldade de acelerar as jogadas. No entanto, encontrou o empate nos minutos finais da primeira etapa. Aos 42, após revisão do VAR, o árbitro assinalou pênalti por toque de mão de Bronn. Estêvão, em grande fase, cobrou com precisão e recolocou a Seleção no jogo. O time encerrou o primeiro tempo com 269 passes trocados, além de 88% de acerto — números altos, mas pouco refletidos em chances reais de perigo.
Apesar da igualdade, o desempenho coletivo estava longe do ideal. O meio-campo apresentou lentidão, e a transição ofensiva mostrou-se pouco coordenada. A Tunísia, mesmo recuada, manteve-se ameaçadora nos contra-ataques, aproveitando cada erro individual brasileiro.
Brasil fica no empate com a Tunísia no frio da ciade de Lille (Vídeo: reprodução/YouTube/geTV)
Segundo tempo tem mudanças, pênalti perdido e pouca evolução
Na volta do intervalo, Ancelotti promoveu duas alterações imediatas: Danilo e Vitor Roque entraram para tentar dinamizar o jogo. As mudanças, porém, não surtiram o efeito esperado. O Brasil manteve a posse de bola, mas seguiu sem agressividade, esbarrando na organização defensiva da Tunísia.
Vitor Roque protagonizou um dos lances mais importantes da etapa final ao pressionar Sassi dentro da área e sofrer pênalti, aos 32 minutos. A chance de virar parecia clara, mas a decisão de Ancelotti surpreendeu: Lucas Paquetá, e não Estêvão, assumiu a cobrança. O meia bateu forte demais e mandou por cima do travessão, desperdiçando a melhor oportunidade brasileira no jogo.
Após o erro, o Brasil tentou acelerar as jogadas, mas continuou esbarrando na compactação tunisiana. A equipe africana, firme na marcação e consciente taticamente, segurou o empate até o apito final. O resultado premiou a disciplina da Tunísia e expôs as limitações brasileiras no último compromisso antes da virada do ano.
O desempenho preocupa pela falta de intensidade e pela baixa capacidade de criação. Mesmo com amplo domínio territorial, faltou objetividade, triangulações rápidas e maior presença ofensiva. A equipe mostrou dependência dos lances individuais e fragilidade nas transições defensivas, além de desperdiçar chances fundamentais.
Brasil e Tunísia emparam no último amistoso do ano (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Sameer Al-Doumy)
Desafios pela frente antes da Copa de 2026
O empate em Lille deixa a Seleção com lições importantes para o ano que antecede o Mundial. Com um elenco talentoso, mas ainda em busca de identidade consolidada sob o comando de Carlo Ancelotti, o time precisará ajustar setores-chave — especialmente a criação e a recomposição defensiva.
O técnico italiano, conhecido pela gestão de grandes grupos, terá de trabalhar para alinhar intensidade, variações táticas e maior conexão entre os setores. O rendimento mostrado contra a Tunísia reforça a necessidade de equilíbrio entre posse de bola e eficiência, especialmente em jogos contra adversários que apostam na transição rápida.
Apesar do tropeço, o ano termina com observações importantes, novos nomes ganhando espaço e tempo para ajustes. Restam meses cruciais até o início da Copa do Mundo, e o Brasil sabe que precisará evoluir para chegar competitivo ao maior palco do futebol mundial.
