Neste domingo (03), o Esporte Espetacular foi ao ar com uma entrevista com Neymar. O camisa 10 da Seleção Brasileira falou sobre seu sucessor na amarelinha, sua amizade com Messi e uma possível volta ao Santos.
O atacante atualmente é jogador do Al-Hilal da Arábia Saudita e foi convocado por Fernando Diniz para o primeiro jogo do treinador com a Seleção, mas uma lesão no tornozelo pode deixar o camisa 10 de fora das partidas contra Bolívia e Peru pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Ao ser questionado sobre como se sentia por estar fora dos primeiros amistosos por conta da lesão, Neymar disse:
“Deu saudade de estar naquele ambiente, o ambiente da seleção é sempre muito bom. Apesar dos jogadores de qualidade que tem, os seres humanos ali são maravilhosos, me sinto bem de estar ali, estou feliz, sinto saudade, espero que um dia eu possa voltar, mas primeiro focar na lesão, na recuperação, e voltar muito bem.”
Sucessor
Neymar é o craque da seleção brasileira atualmente, e muitos especulam como será o futuro da seleção sem o atacante, já que ainda não se tem um óbvio substituto. Rodrygo e Vinicius Jr. são os mais cotados a preencherem a vaga de protagonista. Contudo, desta vez será uma transição mais suave do que a que Neymar teve, já que o atacante, na Copa do Mundo de 2010 não foi convocado e na de 2014 já aparecia como o líder técnico da equipe. Neymar já encara as jovens promessas como estrelas na seleção dizendo:
“Vini e Rodrygo são dois jogadores de muita qualidade, dois craques que tenho certeza de que vão assumir esse papel de protagonista. Na minha opinião, já são, porque eles já têm esse nome para isso, independente de eu estar lá ou não para isso.”
Outro tópico da entrevista foram os casos de racismo sofridos por Vinicius Jr. em jogos pelo Real Madrid. Neymar lamentou as situações vividas pelo ponta e contou como ajudou o companheiro a lidar com preconceito, já que Neymar também sofreu com gritos e atitudes racistas na Europa. Em 2020, ainda no PSG, Neymar foi chamado de “macaco” em uma partida contra o Olympique de Marseille pelo campeonato francês e ainda foi expulso ao “agredir” aquele que o ofendeu, equanto o jogador do Olympique de Marseille não sofreu qualquer punição. Neymar contou a conversa que teve com Vini dizendo:
“Eu já passei por isso e sempre tentei levar de uma forma muito leve, é isso o que eu falo com o Vini. (…) porque o problema é muito grande e o problema não está com ele, não está conosco, está com as outras pessoas. Obviamente, a gente tem que se impor, tem que falar o que é certo, o que é errado, mas as pessoas que têm a autoridade em mandar mais é que tem que fazer coisas “over”, dar um ponto final nisso.”
Amizade e justiça a Messi
O atual campeão do mundo Lionel Messi também foi pauta da entrevista. O brasileiro e o argentino são amigos desde os tempos de Barcelona, e formaram não só um dos melhores ataques de todos os tempos como uma equipe que será lembrada por anos. Ao ser perguntado sobre o sentimento de justiça quando Messi conquistou a Copa do Mundo, Neymar respondeu que viu o argentino viver os dois lados da moeda nesta temporada dizendo:
“Eu fiquei muito feliz pelo ano que ele fez, mas ao mesmo tempo muito triste, porque ele viveu os dois lados da moeda, foi ao céu com a seleção da Argentina, ganhou tudo nos últimos anos, e com o Paris viveu um inferno, nós vivemos um inferno, tanto ele quanto eu. (…) Messi saiu (do PSG) de uma forma que, pelo futebol, ele não merecia isso. Por tudo o que ele é, tudo o que ele faz, quem conhece ele sabe, é um cara que treina, que luta, se perde fica bravo, e foi cobrado de uma maneira injusta no meu modo de ver. Mas ao mesmo tempo fiquei muito contente por ele ter ganhado a Copa do Mundo.”
E ao falar sobre a conquista de Messi, e na “justiça” feita ao jogador, por analogia foi perguntado à Neymar se ele acha que haverá a mesma “justiça” com ele, já que é um grande jogador da história da seleção brasileira e pode ser marcado por nunca ter ganhado uma Copa do Mundo. Mesmo tendo sido o protagonista do primeiro ouro olímpico conquistado pelo futebol brasileiro, ser o maior artilheiro da seleção empatado com Pelé e um dos brasileiros de maior sucesso na Europa. O atacante respondeu:
“Cara, eu espero, espero obviamente que um dia eu possa conquistar meu maior sonho que é conquistar a Copa do Mundo, isso é óbvio, mas às vezes isso não acontece. A gente tem um cara no Brasil que é um ídolo máximo, um dos maiores nomes da história do país, do Brasil, que é o Zico, e ele não tem uma Copa do Mundo. Isso não justifica a qualidade e o dom que ele teve, isso cabe da mesma forma comigo.”
Assista ao top-10 gols do Neymar pela seleção brasileira. (Reprodução/YouTube/GE)
Possível volta ao Santos
O Campeonato Brasileiro teve um grande volume de jogadores consagrados na Europa compondo equipes, à exemplos de Marcelo, James Rodriguez, Lucas Moura, Suarez e Enner Valencia. E a identificação que Neymar e o Santos têm feito os torcedores santistas e os entusiastas do futebol nacional sonharem com a volta do craque. E Neymar vê com bons olhos essa volta e promete que retornará ao Santos em algum momento de sua carreira. Ele afirma:
“Cara, eu nunca deixei de ficar longe do Santos, sempre fui um cara escancaradamente santista, sou santista (…) E voltar para o Santos obviamente sim, tenho essa vontade de jogar no Santos de novo. Sei que falando isso agora coloca uma pressão muito grande (risos), mas eu tenho vontade, já escrevi ali quando estava indo embora: eu vou, mas eu volto.”
Técnico da seleção brasileira
O debate da valorização dos técnicos estrangeiros em detrimento aos brasileiros também foi abordada na entrevista. A maior parte dos clubes do topo da tabela do Campeonato Brasileiro são estrangeiros, e com a exceção de Grêmio e Fluminense, que possuem técnicos nacionais, o G-5 do brasileirão conta com dois técnicos portugueses e um argentino. Fernando Diniz, técnico do tricolor carioca, é hoje o maior expoente da classe de treinadores brasileiros, e mesmo assim assume o papel de técnico interino da seleção brasileira, enquanto a CBF espera por Carlo Ancelotti, sendo coerente com a visão de futebol hoje presente em seu campeonato doméstico. Neymar foi perguntado sobre Diniz e sobre a espera por Ancelotti e respondeu:
“Todo mundo tem a sua competência, o seu valor, não é porque você está na Europa que somos melhores porque jogamos lá. Não, não é isso, são momentos, são escolhas. (…) Na minha ideia, o cara ideal hoje para a seleção era o Diniz, eu escancaro porque é um puta treinador, o jeito dele com a seleção brasileira iria muito bem. (…) Se for o Ancelotti, será muito bem recebido, é um cara renomado, que ganhou tudo na carreira. A gente, se tiver essa oportunidade, obviamente vou desfrutar muito, vou sugar tudo o que tenho para sugar do Ancelotti”
A seleção brasileira voltará a campo na próxima sexta-feira (08) para o começo das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Neymar ainda é dúvida para o jogo, mas ele é esperado pela CBF. O Brasil enfrentará a Bolívia e o Peru nos dias 8 e 12 respectivamente.
Foto Destaque: Neymar com a camisa do Al-Hilal. Reprodução/Instagram/@neymarjr