Nova temporada, novo chefe, novos conceitos e os mesmos problemas, Ferrari já se encontra em crise com apenas uma corrida.

Bruno Magalhães Por Bruno Magalhães
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Entra ano, sai ano e os ferraristas não tem um dia de paz, não tendo a perspectiva de melhora da equipe italiana rumo ao título que não vem a muito tempo, sendo o segundo maior jejum de sua história na categoria: já são 15 anos sem um título do Mundial de Construtores – último em 2008 – e 16 sem um de pilotos – sendo o último com o finlandês Kimi Raikkonen em 2007. Período que só perde para o notório intervalo de 21 anos entre as conquistas do sul-africano Jody Scheckter em 1979 e do alemão Michael Schumacher em 2000.

Após esses títulos a equipe sempre começava o ano dando esperanças ao seus torcedores, mas ao contrário do esperado acabavam sempre colecionando ano após ano fracassos na categoria, em relação as falhas crassas em suas estratégias, erros de seus pit stops , na construção e ineficiência no desenvolvimento de seus carros, além dos erros grotescos de seus pilotos.

Mesmo com grandes pilotos como Fernando Alonso, Sebastian Vettel, a volta de seu último campeão Kimi Raikkonen, a Ferrari não voltou aos tempos de glória e sempre amargava a perda do título, muitas vezes com grande vantagem das outras equipes principalmente com a chegada da era híbrida na Fórmula 1, tendo a dinastia da Mercedes nos últimos anos e agora com uma Red Bull muito dominante no último ano e ao que tudo indica é a favorita esse ano novamente.

Desde de a chegada de Carlo Sainz que é um piloto de alto nível, e principalmente de Charles Leclerc que para muitos junto de Max Verstappen, George Russel e Lando Norris é futuro da Fórmula 1 e todo ano é apontando como um dos possíveis candidatos ao título, todos esperavam que com sangue novo e comandados por Mattia Binotto responsável pelos motores na sequência de títulos de Michael Schumacher entre 2000 e 2004, como chefe de equipe, muito por ser reconhecido pela sua extrema capacidade técnica, algo de bom viria em um futuro próximo.

Mas o resultado disso foi simplesmente um fracasso, mostrando que a escolha pelo engenheiro foi um completo equívoco, pois o que Binotto tinha de capacidade técnica não tinha para gerir pessoas, tendo sempre uma relação conturbada com os pilotos, e não sabendo lidar com um posicionamento em quem era o 1º e segundo piloto, e com isso criando atritos entre Leclerc e Sainz que acabavam perdendo o foco nas corridas e não extraindo o potencial de ambos pilotos, além do de costume as estratégias equivocadas e falhas que culminavam em derrotas e afastavam a equipe das vitórias, sendo que muitas delas era graças ao talento de seus pilotos.


                                         

                 Mattia Binotto, chefe da Ferrari, no grid de largada do GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps(Foto-Imagem/Ferrari)


Após três anos, a Ferrari resolveu demitir o engenheiro e trazer alguém de fora para reestruturar a equipe. Falamos do francês Frédéric Vasseur, ex-chefe da Alfa Romeo na Fórmula 1, mas mais conhecido pelo belo trabalho no período de dominância da ART Grand Prix nas categorias de base. Outro ponto a favor: o dirigente trabalhou com a grande estrela da Ferrari atualmente, o monegasco Charles Leclerc, na ART e na Alfa Romeo.


                                       

                                          Carlos Sainz, Frederic Vasseur e Charles Leclerc (Foto-Reprodução/Getty Images)


O novo chefe chegou mexendo e alterando a onde mais se deixou a desejar nos últimos anos da equipe : a estratégia. Mandou o espanhol Iñaki Rueda de volta para a fábrica e efetivou o inglês com ascendência indiana Ravin Jain, ex-engenheiro de corridas. Outro ponto trabalhado foram os pit stops, que funcionaram muito bem no GP do Bahrein, por sinal.m, diferente dos últimos anos que a cada vez que o piloto era chamado ela uma preocupação de erro para os ferraristas.

Mas nada que até então vinha sendo um fracasso, se torna um sucesso da noite para o dia, e é aí que aparece infelizmente para os ferraristas os mesmos problemas das temporadas anteriores, sendo o grande problema o SF-23, o novo monoposto da Ferrari para a temporada 2023, que ao contrário do ano passado em que a equipe italiana conseguiu além da vitória, uma dobradinha colocando seus dois pilotos no topo do pódio; esse ano as coisas no Gp do Bahrein foram o completo oposto.

Tendo enormes problemas com seu carro o SF-23 que ainda carrega erros bem graves de seu antecessor que não foram corrigidos na atual temporada até então, levando Carlo Sainz que é um piloto conhecido por seu estilo suave e gentil com os pneus (lembram do smooth operator?), a tirar o pé na parte final da corrida por causa do desgaste excessivo, o que culminou na perda de sua 3ª posição que o levaria ao pódio para Fernando Alonso, e que ainda teve que travar uma batalha para defender sua 4ª posição com Lewis Hamilton que estava em uma Mercedes que notoriamente estava com problemas até superiores aos da Ferrari de Sainz.

Mas pior foi o que ocorreu com Charles Leclerc, que mesmo antes da prova teve de trocar o controle eletrônico e as baterias de seu carro, e que com isso trouxe um déjà vu um tanto quanto amargo para os ferraristas dos tempos recentes de fracassos da Scuderia Ferrari, onde sempre tem problemas e nunca as coisas dão certo, e indo pra corrida em momento algum o monegasco conseguiu sequer se equiparar e encostar ao ponto de assustar o atual campeão Max Verstappen que dominou a prova desde de o começo e conquistou a vitória, e em questão de tempo foi ultrapassado pelo outro piloto da Red Bull Sérgio Pérez, mostrando que a equipe  austríaca continua sendo a equipe a ser batida e principalmente que eles esse ano estão com o melhor carro e ainda mais veloz, e pra completar com a cereja do bolo Leclerc com apenas 39 voltas teve que abandonar a corrida, deixando sua terceira posição e lugar no pódio que seria conquista por Alonso , devido a problemas elétricos na unidade de potência, ao qual deixou o piloto revoltado com tal situação.


                                   

  Charles Leclerc volta aos boxes o após abandonar o GP do Bahrein na 39ª volta com problemas em sua Ferrari (Foto-Michael Potts/BSR Agency/Getty Images)


Tendo todas essas situações é de se esperar que mais uma vez os ferraristas terão mais um ano de dores de cabeça com a Scuderia italiana, e mais uma vez aparentemente como um dejá vu, sendo esses os mesmos problemas que os das últimas temporadas, mas agora com um adentro, que além das concorrentes de sempre a Red Bull e Mercedes, agora parece que a Fórmula 1 ganhou mais uma equipe que brigará por posições no pódio e até quem sabe por vitórias que é a Aston Martin que já em sua primeira corrida teve um grande avanço em seu carro e demostra um enorme potencial, tendo lá um bicampeão sedento por voltar aos seus velhos tempos Fernando Alonso. E com isso logo temos um novo ano e a Ferrari com um novo chefe que promoveu mudanças internas, mas os problemas continuam os mesmos. E que após uma corrida, a Ferrari já está em crise novamente. E Vasseur já encontrou seu primeiro abacaxi para descascar na equipe italiana.

 

Foto destaque carro de Charles Leclerc após o abandono na 39ª volta do GP do Bahrein com problemas em sua Ferrari(Foto- Eric Alonso/Getty Images)

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