Mais uma edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) chegou ao fim, e foi notável a mudança no recrutamento do elenco para desfilarem no evento. Nas passarelas, algumas modelos plus size, mulheres e homens trans desfilaram, ressignificando as diretrizes da moda, e desconstruindo a ligação de estilo com o peso ou gênero das pessoas, focando na diversidade. Confira:
Modelo Raphaela Tratske no SPFW (Foto:Reprodução/Instagram)
A modelo Rita Carreira, por exemplo, desfilou na passarela para 11 marcas nesta edição, atingindo o número mais alto de sua trajetória nas temporadas de moda. Leticia Munniz e Raphaella Tratske também contabilizam números altos, cinco e quatro desfiles, respectivamente. O que elas têm em comum é o exemplo de quebra de paradigmas, a desconstrução da relação da moda e o peso das mulheres, ao qual modelos necessitam ser magras para estarem nas passarelas.
Para Munniz, que é modelo há cinco anos, ela vê essa mudança como algo positivo, e necessário.“Isso significa mais mulheres se sentindo representadas, mais pessoas entendendo que não tem nada de errado com seus corpos, que somos lindas e merecemos ser celebradas e estarmos em todos os lugares… É muito nítido quando se vê os desfiles. Espero que este seja um momento para todas as marcas verem que, representatividade importa, e é muito maior que a moda: é sobre as pessoas terem o direito de se vestir”, comenta.
Modelo Rita Carreira no SPFW (Foto:Reprodução/Instagram)
A diversidade de corpos foi uma pauta presente nessa Semana de Moda em São Paulo, e a exibição de pessoas com pesos, corpos diferentes, em algumas marcas trouxe à tona essa questão da representatividade que aos poucos têm sido discutidas no mundo fashionista. Barbara Brito, mulher trans do interior de São Paulo, foi uma das modelos que trabalhou para a marca da Bold Strap, que trouxe um dos desfiles mais diversos do evento, trazendo inclusão da comunidade LGBTQIA+.
Modelo Barbara Brito no SPFW (Foto:Reprodução/Instagram)
Além disso, o retorno aos palcos também ocorreu, como com a veterana Marcelle Bittar, 40, que após cinco anos longe das passarelas, desfilou lindamente para as marcas de Misci, Patricia Viera e Lenny Niemeyer. Para ela, essa volta ao mundo da moda é interessante: “Essa volta das mulheres maduras, digamos assim, é interessante. É um público no mundo da moda. Essa inclusão é perfeita”, declara.
As mudanças estão ocorrendo devagar, mas acredita-se que será comum ver mais diversidade nas passarelas para as próximas edições, alterando a visão desde o backstage até o evento final, como diz Raphaella Tratske: “Vejo no backstage a vontade real dos estilistas de colocar corpos inclusivos na passarela, isso faz toda diferença pra gente. Não é só cumprir tabela, estamos lá para representar e se sentir parte daquilo”, finalizou.
Foto Destaque: Modelo Raphaela Tratske no SPFW. Reprodução/Instagram