A Nike está em um momento de reconfiguração estratégica. Para além do desempenho atlético, a marca retorna seus olhares para a herança, o estilo e a cultura urbana ampliando sua atuação no lifestyle da moda. Fundada oficialmente em 1972 com o lançamento do icônico modelo manualmente criado, o “Moon Shoe”, a marca se apoiou em uma trajetória de inovação técnica e narrativa atlética.
Hoje, cerca de 50 anos depois, esse mesmo modelo está sendo revisitado, por exemplo, numa edição assinada por Simon Port Jacquemus em três cores, como símbolo de uma Nike que olha para o passado para redesenhar seu futuro.
Três pilares para a nova fase
Sob a liderança de Elliott Hill, ex-estagiário da empresa que assume o comando global num momento de transição a Nike investe em três eixos principais: valorizar sua herança esportiva, apostar em tecnologias de inteligência artificial para a experiência de consumo e retomar o apelo cultural por meio de colaborações de impacto no mundo da moda.
O revival retrô, tênis clássicos revisitados como peças de estilo encontra terreno fértil. Ao mesmo tempo, a empresa busca parcerias com nomes como Kim Kardashian (via SKIMS) e o retorno de designers como Riccardo Tisci para reinterpretar modelos e acessórios.
Assessórios assinados por Jacquemus (Reprodução/Marc Piasecki/Getty Imagens Embed)
Moda e cultura se cruzam no mundo sneaker
O apelo não é apenas para corredores, a Nike quer ocupar vitrines, feeds de redes sociais e closets, reforçando a estética “street meets fashion”. O tênis deixa de ser apenas performance e se firma como objeto de desejo, parte da cultura pop, e, sobretudo, símbolo de estilo.
A junção do retrô com o contemporâneo, modelos icônicos revisitados + colaborações com criadores de moda constitui uma narrativa que dialoga com consumidores que valorizam história, identidade e estilo. Para competir num mercado saturado, a Nike aposta em “criar histórias que cruzem performance, cultura e moda”.
Icônico modelo “Moon Shoe” revisitado (Reprodução/Marc Piasecki/Getty Imagens Embed)
Desafios e riscos da nova fase
Entretanto, a transição não é simples. A Nike enfrenta desgaste: crescimento com sinais de arrefecimento, concorrentes mais ousados no design, e necessidade de reconectar emocionalmente com públicos mais jovens. Nesse cenário, reduzir produção em massa de retrôs, gerar receita a partir de estoques existentes e lançar estrategicamente modelos que virem “desejo imediato” estão entre as respostas, mas o risco é alto.
Se o desafio de 1972 era “correr à frente do tempo”, hoje a Nike reinventa o clássico para ser relevante no presente e no futuro. Entre drop de modelos limitados, colaborações de alto impacto e experiências de consumo alimentadas por IA, a marca reafirma sua missão: inspirar atletas (e consumidores), mas também inspirar cultura, estilo e identidade.
