O dólar reverteu perdas e encerrou a sessão de ontem (14) em alta de 0,42%, chegando a R$ 5,19 na venda. Segundo especialistas, a moeda pode estar reagindo ao temor dos investidores por pressões do governo de Luiz Inácio Lula da Silva por alterações na meta de inflação do país e redução no nível dos juros.
Ibovespa fecha terça-feira em queda e dólar volta a subir – Reprodução/Youtube.
Hélder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos, disse à Reuters que a piora no mercado doméstico nesta tarde refletiu notícia do serviço de notícias Broadcast de que Lula teria avisado à equipe econômica que quer um aumento de 1 ponto percentual na meta de inflação de 2023, atualmente em 3,25%, e a redução da Selic para um patamar próximo de 12% até o fim do ano.
“Ontem tivemos um apaziguamento com Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central) e hoje Lula solta essa frase. Tensionou os ânimos; se um lado jogou panos quentes, falando que não vamos fazer mudanças de teor político, hoje temos isso, estressa”, disse Wakabayashi.
Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, que reúne empresas mais bem negociadas, encerrou o dia de ontem em queda de 0,91%, marcando 107.848,81 pontos.
Os ativos brasileiros têm sido abalados pela tensão institucional entre governo e BC nos últimos dias, após críticas intensas de Lula e aliados à atuação da autoridade monetária e ao nível dos juros no país. Depois dos ataques, Campos Neto fez um aceno ao petista nesta terça-feira ao afirmar que é justo o Executivo questionar o patamar elevado dos juros e que é trabalho do Banco Central esclarecer e melhorar a comunicação em meio a esse debate.
Agora, o mercado fica à espera da primeira reunião no novo governo do CMN (Conselho Monetário Nacional), na próxima quinta-feira (16), com alguns participantes do mercado ainda se mostrando desconfortáveis com a possibilidade de que sejam discutidas mudanças para elevar as metas de inflação, mesmo que elas não sejam implementadas já nesta semana.
Foto destaque: dólar norte-americano – Reprodução/Twitter.