Seca rigorosa desde 2012 custou 10% do PIB brasileiro

Esther Feola Por Esther Feola
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Segundo Bráulio Borges, economista sênior da LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) Consultores em São Paulo, o Brasil vem passando por uma seca, descrita como “seca crônica e severa” desde 2012, o que afeta os produtores agrícolas de um dos países que mais exporta alimento no mundo.

Como exemplo, temos o que ocorre com a plantação de José Orlando Cintra Filho. José produz café, e há seis meses as flores brancas não veem uma gota de chuva, não tendo florescido ainda por conta disso. As flores brancas geram uma excelente colheita de arábica, sendo o tipo de grão favorito por cadeias de cafeteria como a Starbucks.

Problemas como este custam ao país cerca de 0,8% a 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) a cada ano. Segundo Borges, mais de 10% do crescimento acumulado foi retirado de 2012 até agora.

As colheitas dos agricultores

Devido aos problemas pelos quais o país vem enfrentando, como as secas, os produtores precisaram contar com métodos para passar por esse período de seca, a fim de não perder toda sua plantação.

No caso de Cintra, as suas árvores murcharam. Por saber que a água do reservatório não seria suficiente para irrigar toda a sua fazenda, alguns galhos foram irrigados mais cedo que o comum, e sua colheita do próximo ano já está diminuindo.

Além da plantação de José Orlando, demais agricultores, como Sergio Bota da Silva, vêm sofrendo com as secas. Sérgio possui plantações de cana-de-açúcar, as quais foram afetadas pelos incêndios que ocorreram na cidade de Sertãozinho. O agricultor acredita que um terço de sua produção fora aniquilado pelo fogo e seca.

O atual governo comunicou que, agricultores que tiveram prejuízos pelos incêndios recentes, receberão uma linha de crédito criada especialmente para recuperar áreas degradadas.

Resultados da seca

Além do prejuízo causado pela morte de vegetações que aconteceram com diversos produtos como café, açúcar e soja, a vegetação morta causa também incêndios, os quais liberam gases de efeito estufa, aumentando a poluião do ar. Os rios que servem para o transporte de um terço da soja nacional estão secando, e os custos de energia estão subindo.


Vista aérea de incêndios na Floresta Nacional de Brasília (Foto: Reprodução/Sergio Lima/Getty Images embed)


Segundo dados do BTG Pactual de março deste ano, o Brasil lidera a exportação de, pelo menos, sete alimentos, tendo sido chamado de “celeiro do planeta”. Assim, estes problemas afetam não só a agricultura nacional, mas a alimentação ao redor do mundo, inclusive o preço dos alimentos.

A falta de chuvas é, inclusive, a razão pela qual houve um aumento de 11% do café arábica em setembro, sendo este o preço mais alto do café em 13 anos. Isso porque, mesmo que as chuvas de outubro possam auxiliar as colheitas, há um receio de que possam ser arruinadas no próximo ano.

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