Morre Rita Lee, ícone do rock nacional, aos 75 anos

Anna Beatriz Guanaes Por Anna Beatriz Guanaes
7 min de leitura

Morreu nesta segunda-feira (8), Rita Lee, aos 75 anos de idade. A cantora e compositora, que era uma das maiores referências do rock nacional brasileiro, vinha lutando contra um câncer de pulmão, desde 2021.

Através de um comunicado nas redes sociais da estrela, a família fez o anúncio: “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”.

O velório, que será realizado no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (8), das 10h às 17h, será aberto ao público.


Família de Rita Lee faz comunicado de falecimento (Foto/ Reprodução/ Instagram)


Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones era dentista e filho de imigrantes dos EUA. Já sua mãe, Romilda Padula, era uma pianista italiana, que sempre incentivou a filha a estudar o instrumento e cantar junto com suas irmãs.


Rita Lee ao piano, acompanhada do pai e da mãe (Foto/ Reprodução/ Instagram)


Mas foi aos 16 anos que Rita se tornou integrante de um trio vocal feminino, Teenage Singers, fazendo apresentações amadoras para as festas escolares. Tony Campello, cantor e produtor, descobriu o grupo e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Em 1964, a estrela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers, que após algumas mudanças de formação e nome, deu origem aos Mutantes, em 1966. Rita Lee, ao lado, originalmente, de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, ajudou a incorporar rock na época do movimento cultural tropicalista.


Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias, com Gilberto Gil, em 1972 (Foto/ Reprodução/ Acervo Estadão Conteúdo)


Após várias conquistas, que culminaram no reconhecimento internacional da banda, ao lado de nomes como Kurt Cobain, David Byrne e Jack White, Rita Lee deixou a banda. O fim do seu relacionamento com Arnaldo Baptista, coincidiu com a sua saída, e ingresso na carreira solo.

A sua era pós-Mutantes foi marcada pelo ingresso no grupo Tutti Frutti, com o qual ainda gravou 5 álbuns antes de se firmar de vez na carreira solo. Ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, em 1979, escrevendo e gravando canções de pop rock que fizeram muito sucesso.

Um dos seus álbuns mais conhecidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”. Com um disco de mesmo título, no ano seguinte a cantora seguiu na direção do pop e fez ainda mais sucesso com “Lança Perfume” e “Baila Comigo”.

Por volta de 1991, Rita Lee passou quatro anos separada do marido. O retorno foi marcado na turnê do álbum “A Marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. E depois de 20 anos juntos, o casal resolveu oficializar a união.

Em 1996, a artista caiu da varanda do seu sítio, sob efeito de remédios, quebrando o recôndito maxilar. Embora tenha iniciado nas tentativas de largar as drogas e o álcool, em entrevista ao Fantástico disse que só conseguiu fazê-lo em janeiro de 2006.

Lee, em 2001, ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, com “3001”. Já em 2012, anunciou que deixaria de estar nos palcos por conta da fragilidade física: “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, escreveu ela no twitter.

Em 28 de janeiro do mesmo ano, no Festival de Verão de Sergipe, foi anunciado o que seria o último show da sua carreira. Porém, após discutir com um policial, foi levada à delegacia por desacato à autoridade, e liberada logo em seguida.

Em janeiro de 2016, ela lançou “Rita Lee: uma autobiografia”. No livro, ela faz revelações sobre abuso sexual, expulsão da banda Os Mutantes, e a luta contra o alcoolismo. Em março de 2023, a cantora havia anunciado “Outra Autobiografia”, que está em pré-venda.


Nova autobiografia de Rita Lee (Foto/ Reprodução/ Instagram)


Além da sua longa trajetória como escritora, a artista ainda fez algumas participações especiais em novelas como “Top Model”, “Malu Mulher”, “Vamp” e “Celebridade”.

Ao todo, a artista acumulou 40 álbuns, sendo 6 enquanto integrante dos Mutantes, e 34 na carreira solo. Sempre emanando liberdade e irreverência, a cantora foi sinônimo de criatividade e independência feminina durante a carreira de quase 60 anos. Embora chamada por muitos de “rainha do rock brasileiro”, Rita Lee achava o termo “cafona”, preferindo o título de “padroeira da liberdade”. Ela era uma roqueira popular antes e depois do gênero cair no gosto popular do brasileiro, em meados dos anos 80.


Rita Lee na capa da revista Rolling Stones, no final de 2022 (Foto/ Reprodução/ Instagram)


Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer no pulmão. Ela seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia. Quatro meses depois, lançou o último single da carreira, “Changes”, em parceria com o marido Roberto de Carvalho.


Rita Lee em foto recente, tirada pelo marido Roberto de Carvalho (Foto/ Reprodução/ Instagram)


Em abril de 2022, seu filho Beto Lee anunciou que ela estava curada do câncer. Nos últimos anos ela viveu num sítio no interior de São Paulo com a família, e deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

Foto Destaque: Rita Lee segurando sua autobiografia/ Reprodução/ Instagram

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