123 Milhas sofre operação por suspeita de lavagem de dinheiro

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
4 min de leitura
Polícia Civil durante a operação contra 123 Milhas (Reprodução/TV Globo)

Na manhã desta quinta-feira (1), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realizou uma operação com dezessete mandatos de busca e apreensão contra os diretos da empresa 123 Milhas e Maxmilhas, sob a suspeita de lavagem de dinheiro e estelionato. As investigações ocorreram não só nas sedes das empresas, como também em endereços ligados aos seus donos e sócios.

Em iniciativa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Operação Mapa de Milhas busca averiguar se foram utilizadas “estratégias financeiras e corporativas, com o objetivo de dissimulação e ocultação de valores e bens.” Para tal, a Polícia Civil foi acionada como suporte, mas informações ainda não foram divulgados sobre o parecer das investigações.

Crise das Milhas

A empresa disponibilizou toda a sua documentação fiscal, assim como a de seus sócios, à Comissão Parlamentar de Inquérito das Pirâmides Financeiras,” a empresa 123 Milhas divulgou em nota sobre a situação.

Os gestores da 123milhas estão, no momento, dedicados ao processo de recuperação judicial para quitar todos os débitos com os credores. O Grupo 123milhas reafirma seus preceitos de responsabilidade e transparência com clientes, credores e autoridades.


Em 2021, a 123 Milhas chegou a ser a empresa que mais anunciou no Brasil (Foto: reprodução/TV Globo)


Pode-se entender que o caso começou com a grave acumulação de dívidas da 123 Milhas e outras empresas, do seu grupo ou sócias (HotMilhas, Novum), que chegou em tal ponto que elas acabaram solicitando recuperação judicial em agosto de 2023. Este é um processo para que uma companhia endividada continue operando apesar das dívidas – que são temporariamente congeladas – e ganhe um prazo legislado para poder renegociar com credores.

As empresas que solicitaram tal recurso trabalham com um mesmo negócio: a troca de ‘milhas’, que são pontuadas por clientes a cada passagem de avião comprada, por outras passagens baratas. Com a mesma mentalidade de sistemas como o cashback, por vezes parecem como descontos que só requerem que a pessoa se registre em algum sistema.

Já para as empresas, se trata de um desconto financiável em troca do verdadeiro valor das milhas: a fidelidade do cliente, o uso repetido do serviço providenciado. O erro da 123 Milhas foi em providenciar descontos que somente tal fidelidade não foi capaz de financiar.

Recuperação Judicial

Para argumentar sua posição de crise e receber a recuperação judicial, a 123 Milhas apresentou mais de 16 mil processos judiciais recebidos porque tiveram que cancelar seu Programa Promo 123, após não conseguirem as passagens pelo preço barato que havia sido anunciado. Era um número de complicações com as quais a empresa não conseguiria lidar se somadas com seu próprio combate às dívidas.

Inicialmente, o pedido havia sido aceito. Mas a Justiça suspendeu o processo em setembro, depois o retomou em dezembro, e o suspendeu de novo na sexta-feira passada (26). Primeiro, a suspensão ocorreu por um pedido do Banco do Brasil, que alegou que os documentos apresentados pela 123 Milhas se encontravam irregulares. Agora, a suspensão ocorre porque as investigações decorrentes realizadas foram determinadas como insuficientes.

No meu entender […], a retomada da recuperação judicial deve aguardar a decisão do relator acerca da constatação prévia das empresas LH – LANCE HOTEIS LTDA. e MM TURISMO & VIAGENS S/A [Maxmilhas], para que os prazos legais sejam cumpridos devidamente,” a juíza Claudia Helena Batista decidiu.

Assim, a Operação Mapa de Milhas nesta quinta cumpre a continuação mais rígida de tais investigações, para averiguar o estado verdadeiro das operações nessas empresas, e se a recuperação judicial realmente é viável.

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