Acusações contra príncipe Andrew resultam em renúncia real
Após acusações ligadas a Jeffrey Epstein, príncipe Andrew renuncia títulos e funções, em medida vista como tentativa de proteger a monarquia britânica
O príncipe Andrew, terceiro filho da rainha Elizabeth II, voltou a ser o centro das atenções após anunciar sua renúncia aos títulos e deveres reais. A decisão veio em meio às acusações de abuso sexual ligadas ao caso do financista americano Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual e que mantinha relações próximas com diversas figuras poderosas. O escândalo abalou a monarquia britânica e levantou questionamentos sobre o papel e a imagem da família real diante de casos envolvendo membros da realeza.
Escândalo com Epstein derruba imagem do príncipe
A relação de Andrew com Jeffrey Epstein, que morreu em 2019 em circunstâncias controversas, é antiga e repleta de polêmicas. O príncipe era visto em fotos ao lado do financista e chegou a ser acusado por Virginia Giuffre, uma das vítimas do esquema de Epstein, de tê-la abusado sexualmente quando ela ainda era menor de idade.
Embora o príncipe negue todas as acusações, a pressão pública e política cresceu nos últimos anos. A opinião pública britânica passou a cobrar respostas mais firmes da monarquia, que se viu obrigada a agir para proteger sua imagem.
Em 2022, Andrew chegou a fechar um acordo judicial com Giuffre nos Estados Unidos, evitando um julgamento. O acordo envolveu o pagamento de uma quantia milionária, mas sem admissão de culpa. Mesmo assim, o caso continuou a perseguir o príncipe, que já havia perdido diversas funções oficiais dentro da família real e foi afastado de eventos públicos.
Com a repercussão negativa cada vez maior, o Palácio de Buckingham anunciou que o príncipe Andrew não usaria mais o título de “Sua Alteza Real” em funções oficiais. Agora, ele vai ainda mais longe: renunciou a todos os títulos e patrocínios reais remanescentes, marcando o ponto final de sua vida pública como membro ativo da realeza.
Príncipe Andrew (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Pool)
Monarquia tenta conter danos à imagem da família real
A decisão foi recebida como uma tentativa da família real britânica de preservar sua credibilidade, especialmente após anos de crises internas e escândalos que colocaram a monarquia sob escrutínio. Desde a morte da rainha Elizabeth II, o rei Charles III tem buscado modernizar e reduzir o número de membros ativos da realeza, priorizando uma imagem mais transparente e responsável.
A saída definitiva de Andrew dos deveres reais se alinha a essa estratégia. Apesar de continuar sendo parte da família, ele não desempenhará mais papéis oficiais, não representará a Coroa e não receberá fundos públicos. Fontes próximas ao Palácio afirmam que o rei Charles teria insistido na renúncia para encerrar um capítulo que manchava a instituição.
A repercussão na mídia britânica foi intensa. Muitos viram o gesto como inevitável, dado o peso das acusações e a rejeição popular. Pesquisas de opinião mostravam que a maioria dos britânicos acreditava que Andrew não deveria mais ter funções públicas. Já outros avaliam que, apesar da renúncia, o príncipe jamais conseguirá se desvincular completamente do escândalo, uma vez que seu nome está diretamente associado a Epstein e às investigações internacionais sobre o caso.
Especialistas em monarquia destacam que a decisão tem um impacto simbólico profundo. “A renúncia mostra que, mesmo dentro da realeza, ninguém está acima da responsabilidade moral. O caso Andrew será lembrado como um divisor de águas na história recente da monarquia britânica”, afirmou o historiador real Simon Lewis à BBC.
Enquanto isso, Andrew segue recluso em Windsor, mantendo uma vida discreta ao lado dos familiares mais próximos. A imprensa britânica afirma que ele pretende continuar colaborando com as autoridades “quando for necessário”, embora ainda tente recuperar parte de sua reputação, algo que parece cada vez mais difícil diante da gravidade das acusações.
O episódio reforça uma lição clara que, em tempos de transparência e vigilância pública, a monarquia precisa se adaptar às exigências éticas e morais da sociedade moderna. A renúncia de Andrew não é apenas um ato individual, mas um reflexo de uma instituição que busca sobreviver a uma nova era, em que o prestígio da realeza já não é suficiente para silenciar escândalos.
