Bolsonaro e a denúncia da PGR: tentativa de interferência no relatório das Forças Armadas

Ex-presidente teria buscado modificar conclusões sobre segurança das urnas eletrônicas e retardado divulgação do relatório

19 fev, 2025
Foto destaque: A denúncia da PGR alega que Bolsonaro fazia parte de um grupo que buscava deslegitimar as eleições e enfraquecer as instituições democráticas (Reprodução/Eraldo Peres/AP)
Foto destaque: A denúncia da PGR alega que Bolsonaro fazia parte de um grupo que buscava deslegitimar as eleições e enfraquecer as instituições democráticas (Reprodução/Eraldo Peres/AP)
Jair Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, nesta terça-feira (18), uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alegando que ele retardou a divulgação do relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas e tentou influenciar seu conteúdo. Segundo a PGR, Bolsonaro tinha conhecimento de que não havia indícios de fraude no processo eleitoral e, mesmo assim, buscou alterar o teor do relatório para sustentar uma narrativa de irregularidades na eleição presidencial de 2022.


Jair Messias Bolsonaro (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Pressão sobre o Ministério da Defesa

De acordo com as investigações, Bolsonaro teria pressionado o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para que o documento produzido pelas Forças Armadas apontasse a existência de fraudes, apesar da ausência de evidências. O objetivo seria postergar a divulgação do relatório e criar um ambiente político favorável a questionamentos sobre a lisura do pleito.

A PGR também menciona a atuação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que confirmou a tentativa de interferência no conteúdo do documento. Mensagens encontradas pela Polícia Federal mostram que o coronel Reginaldo Vieira de Abreu tentou alinhar o relatório a informações falsas oriundas da Argentina, buscando conferir credibilidade às supostas fraudes.

Acusação de Organização Criminosa

A denúncia da PGR alega que Bolsonaro fazia parte de um grupo que buscava deslegitimar as eleições e enfraquecer as instituições democráticas. Esse grupo teria se articulado dentro do Palácio do Planalto para planejar um ataque ao sistema eleitoral e criar um cenário que justificasse a permanência de Bolsonaro no poder.

Entre as ações do grupo, está a elaboração de um documento que sugeria que as fiscalizações das Forças Armadas poderiam ser usadas como argumento para questionar o resultado eleitoral. No entanto, mesmo com as tentativas de interferência, o relatório oficial divulgado pelo Ministério da Defesa não apontou nenhuma irregularidade ou indício de fraude nas eleições de 2022.

Bolsonaro foi acusado pelos seguintes crimes:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

Próximos Passos e Possíveis Consequências

A PGR acusa Bolsonaro de crimes como organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Caso condenado, o ex-presidente pode enfrentar penas que somam até 34 anos de prisão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) analisará a denúncia para decidir se Bolsonaro e os demais envolvidos se tornarão réus no processo. A defesa do ex-presidente nega as acusações e afirma que ele é alvo de perseguição política. O caso pode ter desdobramentos significativos ao longo de 2025, impactando o cenário político brasileiro nos próximos anos.

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