Afegão espera por visto humanitário para voltar ao Brasil

Leo Costa Por Leo Costa
4 min de leitura

 Masood Habibi, comerciante afegão de 29 anos, diz que não tinha esperanças de fugir do governo talibã e voltar para casa. Ele considera São Paulo como sua casa. Ainda vivendo com apreensão no Afeganistão, uma oportunidade apareceu no fim de outubro: ele conseguiu comprar as passagens de um voo comercial para a capital do Paquistão, Islamabad. 

Junto com a esposa e o filho, de 4 anos, não tiveram tempo para preparar a bagagem, apenas o que era estritamente essencial. 

“Foi muito difícil deixar tudo pra trás… Meu filho queria levar muitas coisas, ele tinha carro elétrico e bicicleta, mas não pudemos pegar nada. Desde 24 de outubro estou no Paquistão com minha esposa e meu filho. Viemos num voo comercial, que era muito caro, mas estamos bem e nos sentindo livres de novo”, relata. “Senti muito medo quando chegamos ao aeroporto de Cabul, porque alguma coisa podia dar errado. Só me senti seguro no momento em que o avião decolou. E, quando pousamos no aeroporto Benazir Bhutto, em Islamabad, foi quando pude me sentir feliz.” 

 

Masood Habibi e seu filho em um parque no Paquistão (Foto: Arquivo Pessoal)

O site do g1 acompanha a história do afegão e sua família desde agosto, quando o Talibã tomou o controle no Afeganistão. Ele morava em São Paulo até maio deste ano, e tem visto brasileiro. Apesar disso, devido à pandemia, os pedidos de vistos feitos ao governo brasileiro foram negados, e todos ficaram em casa, após a chegada do grupo extremista Talibã a Cabul, com medo do que poderia acontecer. 

“São muitos sentimentos, fica difícil expressar: estou feliz e, ao mesmo tempo, triste porque, mesmo que eu tenha conseguido escapar, existem milhões de pessoas que ainda estão presas lá”, conta Masood. 

 

Masood Habibi e o filho em visita à Mesquita Faisal, a maior do Paquistão (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Segundo Masood, o país entrou em colapso e tudo tinha sido quebrado: “As pessoas estão tentando escapar, todos estão contra o governo do Talibã. Ninguém aprova o Talibã, são pessoas brutais”. O governo americano avalia como provável uma guerra civil no país. 

Masood, no final de setembro, criou uma petição online para avisar e pressionar o Itamaraty para ajudar na saída dele e de sua família do Afeganistão. Cerca de 50 mil pessoas já assinaram a campanha que pede a volta do comerciante. 

 

Esposa de Masood Habibi em parque de Islamabad, no Paquistão (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar do visto de residente no Brasil, sua esposa e seu filho não têm. Agora, estão seguros no Paquistão, e por isso entraram com um pedido para a obtenção do visto humanitário na Embaixada do Brasil, em território paquistanês, e esperam por resposta. Caso a resposta seja positiva e o visto sair, a família terá outro problema: vai precisar de ajuda para pagar as passagens para o Brasil.

“As economias [do povo afegão] foram bloqueadas, não pudemos pegar nada. Eu e minha família escapamos, saímos de nossa casa, deixamos nossa loja, deixamos pra trás tudo o que tínhamos. Agora, fiz uma campanha de arrecadação e precisamos que as pessoas nos ajudem com doações para podermos voltar para casa em São Paulo”, explica o afegão. 

Caso deseje colaborar com a família e doar alguma quantia, entre neste link 

Foto destaque: Masood Habibi e sua família durante passeio em Cabul, antes da chegada dos Talibãs (Foto: Arquivo Pessoal) 

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