Coréia do Sul cria incentivo para jovens saírem de casa

Pedro Léo Por Pedro Léo
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A Coréia do Sul está enfrentando um problema sério em relação aos seus jovens. Com uma das menores taxas de fertilidade do mundo, o país sofre com uma crescente de jovens que decidem se isolar da sociedade – os chamados “hikikomori”, que se mantém reclusos em suas casas, sem contato externo. E isso está causando preocupação no governo, que decidiu dar um incentivo financeiro para aqueles que saírem de casa.

O Estado oferece até 650 mil won, cerca de 2,4 mil reais, para pessoas de famílias de baixa renda entre 9 e 24 anos como auxílio, com eles também podendo solicitar serviços de saúde, educação, aconselhamento, até mesmo certas correções de aparência. O incentivo busca reintegrar esses jovens a sociedade, tendo como público-alvo pessoas que vivem em um espaço confinado por um longo período de tempo isolados do mundo exterior.


Jovens da Coréia do Sul. (Foto: Manan Vatsyayana/AFP)


O público-alvo seria cerca de 3% da faixa etária citada, algo em torno de 340 mil pessoas. O motivo para os jovens se isolarem seria uma pressão do mundo em relação a eles, afirmando que é mais fácil não lidar com as “expectativas maçantes dos outros” e a ansiedade que elas trazem. A ajuda financeira, porém, não parece ser algo que vai ter tanto efeito. De acordo com Park Tae-hong, ex-recluso de 34 anos, os jovens não precisam necessariamente de dinheiro, podendo vir de várias classes sociais variadas. “O que é comum entre os jovens reclusos é a crença de que eles não viveram de acordo com os padrões de sucesso da sociedade, ou de suas famílias. Alguns se sentem desajustados porque não estão seguindo carreiras convencionais, enquanto outros podem ter sido criticados por notas acadêmicas baixas”, disse.

Tal pressão advinda da sociedade coreana tem sido apontada como um problema para aqueles que cuidam desses jovens. Agências como a “Seed:s”, que se especializam em cuidar dos hikikomori, observam que a dificuldade em alcançar as expectativas tanto de seus próprios pais quanto de outras pessoas tem sido um fator determinante para a reclusão e depressão desses jovens – que, às vezes, sequer querem fazer o que lhes mandam fazer. A iniciativa do governo, porém, é vista com bons olhos: apesar de estar longe de ser a solução, o interesse em auxiliar essas pessoas já parece ser um primeiro passo rumo a uma sociedade melhor. 

 

Foto destaque: Seoul, capital da Coréia do Sul. Reprodução/Getty Images.

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