Nesta segunda-feira (18), Estados Unidos e Irã concretizaram um acordo de troca de prisioneiros, em um movimento descrito como histórico para os especialistas. Em decorrência deste raro diálogo entre os dois países, cinco norte-americanos que estavam presos no Irã regressaram ao país de origem, que também ocorreu com cinco iranianos presos em solo estadunidense.
O governo dos EUA ainda se comprometeu a descongelar R$6 bilhões em fundos iranianos correspondentes à venda de petróleo para a Coreia do Sul, além da libertação dos prisioneiros.
Conheça o histórico da tensa relação entre EUA e Irã
Em 1980, estudantes iranianos radicais tomaram o controle da Embaixada dos Estados Unidos em Teerã e mantiveram dezenas de americanos como reféns, motivados pela revolução iraniana que havia acabado de acontecer. Poucos meses depois, os países cortaram relações diplomáticas.
No ano de 2015, alguns poucos diálogos ocorreram, intermediados pelo então secretário de estado norte-americano, John Kerry, e o ministro iraniano de relações exteriores, Javad Zarif. Os dois se encontraram algumas vezes e fecharam um acordo nuclear que previa o fim das sanções internacionais contra o Irã.
No entanto, pouco mais de um ano após Donald Trump assumir a presidência, o acordo foi quebrado, e desde então praticamente não aconteceram reuniões presenciais entre representantes dos dois países.
Acordo pode ter consequências negativas
Logo após a aterrissagem do avião que transportava os norte-americanos, o presidente Joe Biden anunciou sanções contra Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente iraniano, e o Ministério de Inteligência do país. As novas medidas, basicamente, bloqueiam todas as propriedades de pessoas ligadas ao ex-presidente que moram nos Estados Unidos.
Cidadãos americanos em sua volta aos Estados Unidos. Reprodução/Karim Jaafar/AFP.
Um ex-funcionário do Pentágono ainda alertou que a troca pode abrir pretexto para que o Irã prenda ainda mais americanos: “[O Irã] também terá o retorno de cinco de seus cidadãos que foram legalmente processados e condenados nos Estados Unidos, além do dinheiro”, disse. Ele acrescentou que esse diálogo provavelmente não será bem visto pela Rússia.
O pensamento também é endossado por Mick Mulroy, antigo oficial paramilitar da CIA e vice-secretário adjunto da Defesa para o Oriente Médio, que teme que mais estadunidenses sejam usados como moeda de troca pelo governo iraniano.
Foto destaque: EUA e Irã trocam prisioneiros. Reprodução/Anadolu Agency/Getty Images.