Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fizeram críticas nesta terça-feira (23) a respeito das declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (22) durante sua entrevista no Jornal Nacional. Bolsonaro foi o primeiro sorteado a comparecer na sabatina do programa.
O chefe do executivo, que é candidato à reeleição, afirmou ao vivo no programa que irá aceitar o resultado das eleições de outubro “desde que as eleições sejam limpas e transparentes”.
Bolsonaro faz ataques frequentes às urnas, ao processo eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo sem jamais ter apresentado provas concretas, o presidente e seus aliados ainda repetem acusações que já foram desmentidas por órgãos oficiais.
Segundo com uma pesquisa Datafolha, feita em julho, 47% da população diz confiar muito na urna eletrônica, enquanto 32% afirmam confiar um pouco —o que gera um índice de credibilidade de 79% para o sistema, segundo o instituto.
Durante sua passagem pela emissora, Bolsonaro havia sido “bem aconselhado” por seus aliados a não fazer ataques às urnas eletrônicas, porém, a postura de Bolsonaro seria “imprevisível” durante sua entrevista feita pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos.
“Não tem como mudar o candidato, só aconselhá-lo bem”, afirmou um aliado do presidente.
O presidente havia recebido instruções para focar nas ações do governo na área social tendo como objetivo destinar suas palavras aos brasileiros que recebem o benefício do Auxilio Brasil. Que durante as vésperas da eleição o valor de R$ 400 subiu para R$ 600.
O atual benefício de R$ 600 só vale até dezembro, a lei aprovada no Congresso prevê recursos somente até o fim deste ano, depois, voltaria para R$ 400 em janeiro. O programa reúne 20 milhões de famílias inscritas, o valor de R$ 400 iria custar 110 bilhões para 2023 (Valor que consta no Orçamento). No entanto, o benefício de R$ 600 custaria R$ 160 bilhões.
Segundo os ministros do TSE, a declaração de Bolsonaro no Jornal Nacional não ajuda na construção de “pontes” entre a pasta e o governo. Nos bastidores, existe um movimento que tenta distensionar a relação após os sucessivos ataques de Bolsonaro às urnas e ao tribunal.
“A repercussão das declarações de Bolsonaro ao JN foi a pior possível. Não agregou qualquer contribuição para o relacionamento”, afirmou um ministro anonimamente.
Os ministros que não gostaram da fala do presidente procuraram com o responsável pelo TSE, Alexandre de Moraes, que tomou posse recentemente e reafirma sua confiança no sistema eleitoral brasileiro.
Durante sua gestão, o objetivo de Moraes é tentar construir uma relação “menos conturbada” com o chefe do executivo, já que o próprio presidente afirmou ontem no Jornal Nacional que sua relação está “pacificada”.
Foto destaque: Bolsonaro no Jornal Nacional (Tv Globo)