Todos os anos colisões entre pássaros e aeronaves são a causa de milhares de mortes de aves. Os incidentes também podem resultar em vários danos nas aeronaves, como atrasos e cancelamentos de voos, causando um prejuízo de cerca de US$1,4 bilhão por ano à Organização Internacional de Aviação Civil (Icao, na sigla em inglês).
Diversos dissuasores, como drones e aves de rapina (incluindo falcões) foram usados pelas equipes de gerenciamento da vida selvagem dos aeroportos atualmente para tentar assustar as aves que ficam ao redor dos aeroportos. Entretanto, criar e treinar falcões não é uma atividade barata, e as aves podem ser difíceis de gerenciar.
Mas um falcão peregrino robótico feito pela Universidade de Groningen, na Holanda pode ser a solução. Constituído de fibra de vidro e polipropileno expandido (EPP), o RobotFalcon que tem o tamanho de 70 cm, imita os movimentos de um falcão e prova ser muito eficaz em manter as aves afastadas.
Ele é controlado a partir do solo, e tem uma hélice em cada asa e uma câmera instalada em sua cabeça permitindo a visão em primeira pessoa durante a direção.
RobotFalcon realizando voo. Foto:; (Reprodução/Nature)
Segundo o Rolf Storms, um dos autores do relatório, afirmou que uma série de testes foram feitos em 2019 na área ao redor da cidade de Workum, na Holanda, e o RobotFalcon conseguiu espantar todos os bandos dos campos em cinco minutos após o início do seu voo, com 50% dos locais limpos em 70 segundos.
Em comparação com um drone, ele se mostra superior, pesando 0,245kg, e com o drone conseguindo eliminar apenas 80% das aves no mesmo período de tempo.
“Ele limpou os campos de corvídeos, gaivotas, estorninhos e abibes com sucesso e rapidez, com bandos dissuadidos ficando longe por horas.O RobotFalcon foi mais eficaz do que um drone: seu sucesso foi maior e dissuadiu os bandos mais rapidamente”, diz o relatório publicado no Journal of the Royal Society Interface.
E comparado com uma ave de rapina real, os autores destacaram que o RobotFalcon era uma solução prática e ética, tendo as vantagens de predadores vivos, mas sem as suas limitações.
O relatório também admite que existem limitações nessa nova invenção, como o fato dela precisa ser dirigida por pilotos treinados, e não podem ser feitos voos durante chuva ou vento forte, e também tem o limite de 15 minutos de vida útil da bateria. E pássaros grandes não foram persuadidos, como gansos ou garças, e um robô parecido com uma águia deve ser desenvolvido para esse fim.
Mais de 17.000 ataques de animais selvagens em 753 aeroportos dos Estados Unidos foram registrados em 2019, de acordo com a Administração Federal de Aviação (FAA).
Ainda segundo a FAA, a expansão das populações de animais selvagens, o aumento do número de movimentos de aeronaves, uma tendência para aeronaves mais rápidas e silenciosas e o alcance da comunidade da aviação contribuíram para o aumento observado nos ataques de animais selvagens relatados.
Foto destaque. RobotFalcon realizando voo. Foto: Reprodução/CNN.