De acordo com um relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido, soldados russos podem estar utilizando pás como armas de combate corpo-a-corpo, devido escassez de munição no exército. O comunicado divulgado no domingo (5) conta que os reservistas, no fim de fevereiro, disseram a informantes que foram ordenados a atacar apenas de “armas de fogo e pás” uma posição de tropas de Kiev.
“Isso provavelmente resulta da insistência do comando russo em ações ofensivas que consistem de infantaria desmontada (apenas tropas a pé, sem veículos) com menos suporte da artilharia de fogo por causa do estoque pequeno de munição”, supõe, o relatório. A inteligência do Reino Unido acredita que o relato dos reservistas demonstra um aumento dos combates corpo-a-corpo.
Pá MPL-50, usada na guerra da Ucrânia. (Reprodução/John W. Blackman/Twitter)
Logo, sendo uma prova de que a guerra passou a ser caracterizada por combates brutais e de baixa tecnologia. O informante do Ministério da Defesa disse que “um dos reservistas descreveu não estar nem física nem psicologicamente preparado para a ação”.
A pá usada nos combates é uma MPL-50 e faz parte do kit do exército reservista russo há décadas. A arma, definida, pela inteligência britânica, com uma letalidade “particularmente mitificada” na Rússia, foi desenvolvida em 1869 e tem poucas modificações no presente.
Analistas responderam em entrevista à BBC que, mesmo que haja uma falta de munição, a situação é mais complexa do que afirma o relatório. As forças russas, segundo evidências, utilizam duas vezes mais munição do que as forças ucranianas.
Não foram fornecidas informações sobre a quantidade de batalhas com pás e onde elas ocorrem, pelo Ministério de Defesa do Reino Unido.
Em uma das principais batalhas da guerra, os russos ganharam uma vantagem em Bakhmut nos últimos dias e forçaram a Ucrânia a enviar reforços para defender a cidade. Volodmir Zelenski, presidente ucraniano, ordenou o envio de mais forças para resistir ao cerco russo, que poderia ter o controle da região de Donbass se a conquistasse. A cidade, que tinha 70 mil habitantes antes da guerra, se tornou um símbolo do conflito, mesmo que sem representar um valor estratégico alto, por causa da duração das batalhas e asa perdas de ambos os lados.
A Ucrânia crê que a resistência no local é importante para “continuar esgotando as tropas e os equipamentos russos”, de acordo com o conselheiro da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak. Os russos avançaram ao sul e ao norte da cidade, assim, aumentando a pressão para a retirada dos ucranianos e deixando apenas uma rota de saída, no oeste, em direção à cidade de Chasiv Iar.
Foto destaque: Soldados na guerra da Ucrânia. Reprodução/Anatolii Stepanov/AFP.