A companhia paramilitar Wagner é um grupo de mercenários com fortes ligações com o governo russo desde seu início. No entanto, desde junho deste ano a aliança entre as duas figuras foi estremecida. Fundada em 2014 pelo tenente-coronel Dmitry Valerievich Utkin, o grupo ajudou forças separatistas apoiadas pró-Rússia na região da Crimeia, localizado no leste ucraniano e que hoje encontra-se por domínio russo.
Em 2022, após da invasão da Ucrânia pela Rússia, o grupo foi utilizado pelo governo russo para reforçar nas linhas de frente da batalha. Uma delas ocorreu na cidade de Bakhmut, local do conlito mais sangrento da guerra.
Sobre seus soldados e líder atual
O grupo Wagner chamava atenção por conta de seus recrutamentos. Com discursos de salvadores da pátria e o propósito de amor ao país acima de tudo, as campanhas para conseguir soldados configuram-se como conteúdos de superprodução, veiculados na TV e redes sociais. Em 2022, uma nova tática de recrutamento estabelecida, com o consentimento do governo russo, foi resgatar soldados em prisões da Rússia. Os condenados escolhidos recebiam a promessa de anistia da pena após seis meses de ofício. Segundo Prigozhin, 32 mil prisioneiros retornaram da guerra, mas pesquisadores independentes afirmam que o número de sobreviventes foi de 20 mil.
“Eles são jogados em grandes ondas para as posições ucranianas e inauguram alguns novos pontos de combate, na prática, as perdas são em centenas. Ou seja, o que acontece lá agora mostra que aqueles que servem ao grupo Wagner não têm valor nenhum, nem militar, nem de quadros, é simplesmente material descartável”. explica o pesquisador Pavel Usov.
O líder atual da companhia é o empresário russo Yevegny Prigozhin, conhecido como “chef de Putin”, quem o conhece desde os anos 90. Prigozhin se tornou dono de uma rede de catering (serviço de fornecimento de alimentos) e, ao longo do tempo, assinou vários contratos comerciais com o governo russo.
Yevgueny Prigozhin e Vladimir Putin em 2010 (Foto: Reprodução / Alexey Druzhinin / Sputnik / AFP)
Desentendimento entre o grupo e a Rússia
O conflito entre os grupos chegou ao seu ápice em junho, quando Prigozhin entrou em campanha para destituir o Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu. Segundo o líder da Wagner, Shoigu foi o responsável pelo bombardeamento de um acampamento de seu grupo. O Ministério da Defesa emitiu um comunicado no qual desmente as acusações de Prigozhin. Além disso, o presidente Vladmin Putin declarou que a ação do grupo foi como uma facada nas costas e prometeu punições severas para os participantes.
Pronunciamento de Putin sobre as acusações do grupo Wagner (Reprodução / Youtube / EuroNews)
Prigozhin e seus soldados chegaram entrar na região russa de Rostov e ocupado instalações militares russas importantes. Enquanto isso, o governo russo intensificou as medidas de segurança de Moscou. Alguns dias depois, Yevgeny deixou a Rússia e seguiu para a cidade de Belarus, onde negociações com o presidente Alexander Lukashenkom seriam realizadas. Segundo a Rússia, o processo criminal contra o líder Prigozhin será arquivado.
A Rússia hoje alega que o Grupo Wagner foi dissolvido. Porém, há relatos de que recrutamentos de novos soldados estejam sendo feitas. Além disso, foi confirmado que Yevgeny Prigozhin estava entre os passageiros do jato exclusivo que caiu em Moscou nesta quarta-feira (23).
Foto Destaque: Militares na sede da Wagner. (Reprodução / Olga Maltseva / AFP)