Registros de racismo contra brasileiros no futebol sul-americano chegam a 27 nos últimos seis anos

Diogo Nogueira Por Diogo Nogueira
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Nos últimos seis anos, foram registrados o total de 27 casos de racismo nas competições de clubes de nível profissional e masculino, organizadas pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), segundo informações do Estadão, sendo que a  maioria ocorreram em partidas fora do Brasil, pela Copa Libertadores, e não teve punição da entidade aos clubes. O atual torneio da América do Sul já teve sete casos de injúria racial contra torcedores brasileiros, com a competição ainda na fase de grupos.

Na temporada 2022, as partidas entre Palmeiras e Emelec, Corinthians e Boca Juniors, Estudiantes e Bragantino, River Plate e Fortaleza, Olímpia e Fluminense, Millionários e Fluminense, além do mais recente jogo entre Universidad Católica e Flamengo, ficaram marcados por episódios de racismo contra os torcedores.

O Bragantino prestou denúncia junto à Conmebol e o Palmeiras também mira entrar com uma ação em causa de repúdio ao preconceito racial. O Fortaleza aguarda um retorno da Conmebol.

Corinthians e Fluminense não responderam se entraram em contato com a entidade. Somente o Olímpia, do Paraguai, foi punido, referente ao artigo 17 (atos discriminatórios), mas a entidade não especificou a atitude preconceituosa por parte do clube.

O artigo 17 do Código Disciplinar da Conmebol prevê a suspensão por cinco partidas ou período mínimo de dois meses a jogadores e outros funcionários dos clubes. No item 2 o texto menciona atos discriminatórios cometidos por torcedores, a multa é no mínimo de US$ 30 mil (cerca de R$ 157 mil).

A Conmebol lançou uma nota que garante que “sempre teve postura antirracismo”.

“Certamente de acordo com os relatórios que chegam dos delegados da partida e as imagens que estão disponíveis, as medidas ou decisões correspondentes serão tomadas, mas tudo tem um processo. Caso um seja aberto e uma resolução seja emitida, isso se torna público, mas tem um processo, não é imediato”, afirmou a assessoria da entidade.

Além da Conmebol, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) também se pronunciou sobre os casos recentes de racismo.

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse em vídeo que os ocorridos estão sendo tratados junto ao presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que também está “indignado”.


Segundo o presidente da CB, Ednaldo Rodrigues, o conselho da Conmebol deve se reunir com as confederações em breve. (Foto: Reprodução/CBF)


“A Conmebol vai promover mudanças nos regulamentos para aumentar e endurecer as punições em caso de racismo. A entidade se compromete também a desenhar e implementar novos programas e ações com o objetivo de encerrar definitivamente este problema do futebol sul-americano”, notificou a Confederação.

Avaliação de pesquisador 

Diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, critica a Conmebol quanto a sua rasa punição a discrimanção racial e quanto a falta de transparência na investigação dos casos.

“O número de casos de racismo é um e o de punidos é outro (bem menor). A maioria tem imagens como prova, mas infelizmente não tem acontecido tantas punições. Falta também união dos clubes que poderiam fazer um documento conjunto para a Conmebol avisando que não vão mais tolerar isso, mas não vimos nada assim. Só vemos uma nota oficial separada de um clube que vai levar esse caso específico. Falta ação além de nota de repúdio. Quando há punição, também não vimos nenhum dos clubes se posicionarem”, avalia Marcelo Carvalho.

 

Foto em destaque: Homem expulso do estádio de futebol. (Ale Vianna/Estadão Conteúdo)

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