Telescópio Webb revela berçário de estrelas semelhante a formação do sistema solar

Alexandre Muniz Por Alexandre Muniz
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Apelidado de “Penhascos Cósmicos” a formação estelar vista por James Webb mostrou um aglomerado de jovens estrelas semelhantes a formação do sistema solar

Por meio de sua impressionante capacidade de capturar imagens em infravermelho no espaço o Telescópio Espacial James Webb da NASA registrou uma formação estelar inédita, apelidadas de “Penhascos Cósmicos”. Segundo Megan Reiter, astrônoma da Universidade Rice, em Houston, e líder do estudo, o aglomerado corresponde a borda de poeira e gás molecular da NGC 3324, região de formação estelar, a cerca de 7.200 anos-luz de distância na Nebulosa Carina.

As imagens infravermelhas nos mostraram um berçário de formação estelar onde o brilho quente de estrelas jovens, ainda enterradas em seus casulos natais, soltando dezenas de fluxos de hidrogênio molecular durante seu breve período de acreção ativa. Ao todo são 24 fluxos moleculares de estrelas muito jovens ainda em processo de formação. Segundo Reiter o modelo é também muito parecido com aquele que pensamos ter dado origem ao Sol e ao Sistema Solar.

Apresentando detalhadamente suas descobertas este mês no MNRAS (The Monthly Notices of the Royal Astronomical Society) o grupo esclareceu que as saídas de fluxos observadas são inequivocadamente um sinal de que a formação de estrelas está acontecendo em sua fase mais ativa. Porém, eles explicam que essa área não corresponde nem mesmo a região formadora de estrelas mais ativa de NGC 3324.

Nathan Smith é astrônomo da Universidade do Arizona, em Tucson, e coautor do artigo, nos explica que as densas nuvens de poeira cósmica que inicialmente formaram aquela região deram origem a um monte de estrelas massivas, essas que agora são responsáveis por abrir uma grande cavidade, que está sendo preenchida com gás ionizado.

Entende-se agora que a gigantesca nuvem está sendo destruída pelas estrelas massivas, varrendo as regiões mais densas e dando origem a novas estrelas com menor massa, e que um dia evoluirão para se tornarem mais parecidas com nosso Sol.

Smith disse que no mesmo processo que essas estrelas recém-formadas estão puxando matéria com sua gravidade, elas também estão gerando intensos jatos de gás e poeira em alta velocidade que emergem de seus polos. O material é esguichado para longe da estrela no espaço interestelar, destruindo o ambiente ao redor, e agindo como um limpa-neve segundo a Nasa.

Jatos como estes são sinalizadores para a parte mais emocionante do processo de formação de estrelas” … “Nós só os vemos durante uma breve janela de tempo, quando a protoestrela está acumulando ativamente.”, disse Smith. Essa é surpreendentemente uma região de formação de estrelas mais típica do que muitas outras que também são formadoras de novas estrelas que estão mais próximas da Terra, e que não apresentam estrelas mais massivas.


Telescópio espacial James Webb gera imagens inéditas do cosmos graças a uma série de soluções que atuam de forma integrada (Foto: Reprodução/Insper/NASA)


Smith explica que é mais comum a formação de estrelas em regiões com a presença de estrelas massivas nas proximidades, somente porque as nuvens possuem mais massa e assim formam muitas mais estrelas. O sistema solar muito provavelmente se formou numa região mais massiva como a NGC 3324, mas o Sol teria se afastado muito de seu local de nascimento nos últimos 4,6 bilhões de anos, então suas irmãs de nascimento estrelas massivas estão mortas há muito tempo.

Os tais fluxos não são longos e contínuos, e a maioria parece formar uma cadeia de aglomerados densos se movendo em alta velocidade. Segundo Smith isso evidencia que o processo de lançamento do jato, e por consequência o processo de crescimento da massa na estrela, acontece numa série de curtas rajadas poderosas. O desafio agora é compreender por que são tão instáveis e como os fluxos afetam a física do crescimento das estrelas.

Gostaria de observar o restante da Nebulosa Carina”, disse Smith. “Esses Penhascos Cósmicos são apenas uma pequena seção de uma região muito grande e ativa de formação de estrelas massivas.”

Foto destaque: Formação estelar vista por James Webb mostrou um aglomerado de jovens estrelas semelhantes a formação do sistema solar Reprodução/NASA

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