O Observatório Europeu do Sul (ESO), localizado na Alemanha, publicou, nesta terça-feira (17), que astrônomos da missão Gaia, satélite da Agência Espacial Europeia, identificaram um buraco negro, cuja massa é 33 vezes superior à massa do sol. Lançada em 2013, com o objetivo de desvendar os mistérios do universo, a missão ficou conhecida por criar o mais detalhado mapa estelar da Via Láctea.
“Ninguém estava à espera de encontrar um buraco negro de grande massa nas proximidades do Sol, que não tivesse sido ainda detectado. Este é o tipo de descoberta que se faz uma vez na vida”
Pasquale Panuzzo ( membro da Missão Gaia, astrônomo do Observatório de Paris, do Centro Nacional de Investigação Científica na França)
Buraco Negro x Buraco Negro Estelar
A publicação explica que um buraco negro estelar é formado a partir do colapso de estrelas de grande massa. Esses estelares são menos massivos que os buracos negros supermassivos, cuja origem ainda não foi descobertga. Até então, o buraco negro estelar mais massivo conhecido em nossa galáxia era o Cygnus S-1, com massa 21 vezes maior que a do sol. Gaia BH3 foi detectado quando a equipe analisava as observações da missão para publicação de dados.
Imagem artística do sistema com o Buraco Negro Gaia BH3 (Foto: reprodução/ESO/L.Calçada)
BH3 está localizado bem próximo da terra, a 2000 anos-luz de distância, na constelação da Águia. É o segundo buraco negro mais próximo de nós. O buraco negro mais massivo existente no centro da Via Láctea é o Sagitário A. Gaia BH3 é o mais massivo estelar.
Descoberta comprovada
A missão Gaia utilizou dados de observatórios para confirmar a descoberta. Um deles foi o instrumento UVES (Espectógrafo de escala visual e ultravioleta) montado no VLT (conjunto de telescópios) do Observatório Europeu, no deserto do Atacama (Chile). Tais observações mostraram propriedades da estrela companheira que, em conjunto com os dados de Gaia, permitiram o cálculo preciso da massa de BH3.
“Resolvemos publicar este artigo com base em dados preliminares a título excepcional antes da divulgação completa dos dados de Gaia, devido à natureza única desta descoberta“
Elisabetta Caffau (membro da Missão Gaia do CNRS, Observatório de Paris)
A publicação completa dos dados está prevista para o final de 2025. No entanto, a missão Gaia resolveu disponibilizar a descoberta antecipadamente para permitir que outros astrônomos possam estudar esse buraco negro.