A agência de notícias Associated Press (AP) teve seus equipamentos de câmera de gravação confiscados, nesta terça-feira (21), por autoridades israelenses. O motivo, segundo as autoridades, é por violação da lei ao transmitir informações ao vivo para a rede de televisão Al Jazeera.
Os equipamentos foram devolvidos à AP ainda no mesmo dia, após determinação do Ministério de Comunicações do país.
Emissora fechada
Em abril, o Estado de Israel determinou o fechamento de todos os escritórios locais da rede de notícias estrangeira Al Jazeera, abrindo espaço para uma disputa entre a emissora e o governo de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense.
Junto à proibição de operar no país, a Al Jazeera também teve seu equipamento de trabalho confiscado pelas autoridades, assim como o impedimento de transmissão e o bloqueio de seus websites.
A Al Jazeera debutou o tenso marco de ser a primeira emissora retirada do ar pelo governo israelense.
A emissora foi removida do ar dos principais serviços de streaming logo após a medida de censura.
Na época do ocorrido a emissora se manifestou:
“A supressão contínua de Israel à imprensa livre, vista como um esforço para esconder suas ações na Faixa de Gaza, viola o direito internacional e humanitário.”
Além da AP, a Reuters também fornece transmissão ao vivo de Gaza para diversas emissoras e similares, inclusive a Al Jazeera, que criticou a medida e classificou a acusação de ser uma ameaça nacional como uma “mentira perigosa e ridícula”.
Interligados
Pelo bloqueio da Al Jazeera no país, qualquer transmissão em sua função se tornou uma violação da legislação aprovada em abril, que dá permissão ao governo israelense para a retirada de emissoras estrangeiras, interrompendo por tempo indeterminado suas operações para, segundo eles, garantir a segurança nacional.
O Ministério de Comunicações de Israel afirmou em um comunicado que a apreensão temporária dos equipamentos da AP em Sderot foi ligada ao fato do fornecimento de material para a Al Jazeera, detalhando que a Associated Press foi notificada na semana passada sobre a proibição de contribuir para a imprensa Jazeera.
No comunicado, o Ministério afirmou que a câmera confiscada transmitia ilegalmente o norte da Faixa de Gaza ao vivo para a Al Jazeera, inclusive suas atividades de forças de defesa de Israel, o que colocava em risco os combatentes.
Repercussão e movimentações
A Casa Branca se manifestou quanto ao ocorrido, evidenciando sua preocupação quanto ao incidente. Karine Jean-Pierre, a secretária de imprensa, disse que a Casa Branca analisaria a situação e que acredita existir o direito de um jornalista realizar o seu trabalho.
A Associated Press (AP), em nota, também deu seu parecer, afirmando que recebeu a ordem de desligar uma transmissão ao vivo que mostrava uma vista da Gaza a partir da cidade de Sderot, em Israel, dizendo que não se baseava no conteúdo, mas sim pautado nos uso abusivo do governo israelense da lei que permite a proibição de emissoras estrangeiras no país.
A AP afirmou que recebeu uma ordem verbal, em 16 de maio, para encerrar a transmissão, mas no entanto, as recusou a cumpri-la. A agência de notícias não evidenciou seus motivos.
“A Associated Press condena com veemência as ações do governo israelense de encerrar nossa transmissão ao vivo, mostrando uma visão da Faixa de Gaza, e apreender o equipamento da AP”, afirmou Lauren Easton, representante da AP.
A agência ainda afirmou que cumpriu com a censura militar empregada pelo governo israelense quanto a transmissão de detalhes específicos, como as movimentações das tropas e que as filmagens ao vivo geralmente mostravam a fumaça sobre Gaza.