Os caixões pretos chegaram nesta quinta-feira (20). Dentro deles, estavam os corpos de quatro reféns israelenses, incluindo um bebê de apenas oito meses. A cena, carregada de luto e indignação, marcou um dos momentos mais dolorosos desse conflito.
Entre as vítimas estavam Shiri Bibas, de origem argentina, seus filhos Kfir, de oito meses, e Ariel, de quatro anos, e o idoso Oded Lifschitz, de 83 anos. A família Bibas tornou-se um símbolo do sofrimento dos reféns em Gaza, e a confirmação de suas mortes destruiu as esperanças de quem ainda sonhava com um final diferente.
Indignação global e apelos por dignidade
A ONU condenou a maneira como os corpos foram devolvidos. Volker Turk, chefe de Direitos Humanos da organização, chamou o ato de “abominável” e ressaltou a necessidade de respeito à dignidade das vítimas e suas famílias.
O Hamas alegou que os reféns faleceram em ataques aéreos israelenses e, durante a entrega dos corpos, exibiu um cartaz com a imagem do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu retratado como um vampiro. O gesto provocou revolta e reforçou as tensões entre os dois lados.
Ataque aéreo israelense no campo de refugiados palestinos de Bureij (Foto: reprodução/Eyad Baba/Getty Images Embed)
O luto em Israel e o peso da culpa
Em Israel, o choque se transformou em luto nacional. O presidente Isaac Herzog expressou sua dor e pediu desculpas às famílias. “Não há palavras. Apenas agonia. Perdão por não termos conseguido trazê-los de volta com vida”, declarou.
Enquanto isso, o primeiro-ministro Netanyahu foi alvo de protestos. Familiares dos reféns que ainda permanecem em Gaza marcharam exigindo respostas.
Até agora, 19 reféns israelenses foram libertos em um acordo de cessar-fogo que também resultou na liberação de mais de 1,1 mil palestinos presos. Agora, as negociações para uma nova fase do acordo seguem indefinidas.
O Hamas declarou estar disposto a libertar os reféns restantes, mas as condições para um novo entendimento seguem nebulosas. Enquanto isso, para as famílias que ainda esperam por respostas, o tempo passa cruelmente, entre a esperança e o medo de um desfecho semelhante ao da família Bibas.