O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou na noite desta terça-feira (8) um Estado de Emergência Econômica em todo o território nacional. A decisão foi anunciada como resposta à política tarifária dos Estados Unidos, classificada por Maduro como uma “guerra comercial sem precedentes” contra a Venezuela e o mundo.
O decreto, que terá validade inicial de 60 dias e poderá ser prorrogado, autoriza o Executivo a adotar medidas excepcionais, transetoriais e urgentes para proteger a economia nacional, garantir o equilíbrio interno e estimular a recuperação do aparato produtivo.
Segundo Maduro, as recentes sanções impostas por Washington — incluindo tarifas de 25% sobre exportações venezuelanas e o fim da licença que permitia à Chevron operar no país — comprometeram severamente as condições econômicas internas. O presidente denunciou que os Estados Unidos estão “destruindo as regras econômicas globais” e desafiando os princípios do comércio internacional.
Crise cambial, inflação e instabilidade política
Desde outubro de 2024, a economia venezuelana voltou a enfrentar forte instabilidade após um breve período de recuperação entre 2021 e 2023. A suspensão da parceria com a Chevron reduziu drasticamente a entrada de divisas no país, impactando diretamente o mercado cambial. O bolívar se desvalorizou rapidamente, fazendo o dólar oficial praticamente dobrar de valor, o que impulsionou a alta dos preços.
Segundo o Observatório Venezuelano de Finanças, a inflação acumulada no primeiro trimestre de 2025 chegou a 36,1%, enquanto a variação interanual ultrapassou os 136%. O Banco Central da Venezuela, por sua vez, não divulga dados oficiais desde outubro do ano passado.
Medida busca proteger economia nacional
A crise se agrava ainda mais no contexto político: Maduro foi reeleito em julho de 2024 sob fortes acusações de fraude eleitoral. A repressão à oposição e as denúncias de violações de direitos humanos levaram os Estados Unidos a intensificarem as sanções contra o governo venezuelano, dificultando ainda mais a recuperação econômica do país.
O presidente busca ampliar o controle sobre a política econômica da Venezuela e enfrentar o impacto das restrições impostas por Washington. Analistas alertam que medidas unilaterais e centralizadas podem não ser suficientes para conter o agravamento da crise.