Nego Di é preso após clientes tomarem prejuízo de R$ 5 milhões por golpe

Esther Feola Por Esther Feola
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Foto destaque: Nego Di é preso por lavagem de dinheiro (Reprodução/X/@SomenteOrestes)

Conhecido pelo nome artístico Nego Di, o humorista e influenciador Dilson Alves da Silva Neto, foi preso neste domingo (14) em Santa Catarina, pela Polícia Civil, após uma operação por suspeita de lavagem de dinheiro realizada pelo Ministério Público nesta sexta-feira (12), em que foi alvo. Ainda hoje, deve ocorrer uma transferência para o Rio Grande do Sul.

A Justiça do estado do Rio Grande do Sul decretou também a prisão pelo crime de estelionato, visto a suspeita de que, em 2022, o humorista lesionou ao menos 370 pessoas, vendendo produtos online que nunca foram entregues. Conforme investigação da Polícia Civil, a movimentação de contas bancárias ligadas a Nego Di, na época, ultrapassou R$ 5 milhões.

A loja virtual

Intitulada “Tadizuera”, a loja de Nego Di esteve em operação de 18 de março a 26 de julho de 2022, quando a Justiça determinou a retirada da loja do ar. O humorista divulgava os produtos à venda em seus perfis, com preços abaixo do mercado, como uma televisão de 65 polegadas saindo por R$ 2,1 mil.

Alguns de seus mais de 10 milhões de seguidores adquiriram os produtos, contudo, nunca os receberam, segundo a Polícia Civil. Durante a apuração, foi identificado não haver estoque de produtos; fora ter enganado com a falsa promessa de entrega, Dilson movimentou o montante que as contas bancárias da empresa recebeu.

De acordo com a Polícia Civil, houve diversas tentativas de intimar o influenciador, a fim de que este prestasse esclarecimentos quanto ao ocorrido, contudo, ele nunca foi localizado.

Ao todo, foram 370 clientes lesionados buscaram a polícia, estimando um prejuízo de mais de R$ 330 mil, e estima-se que a quantidade de vítimas é deveras maior, mediante as movimentações milionárias das contas bancárias. Entretanto, como não houve tentativa de contato com a polícia, não é possível localizá-las ou ter um número concreto.

Em fevereiro de 2023, mediante decreto da Justiça, Anderson Boneti, sócio na empresa, foi preso preventivamente na Paraíba, mas solto dias depois.


Em 2021, Nego Di participou do reality show da Globo, “Big Brother Brasil”
Em 2021, Nego Di participou do reality show da Globo, “Big Brother Brasil” (Foto: Reprodução/X/@teacherdavidh)

O golpe de rifas

A operação de sexta-feira apura possíveis irregularidades em sorteios virtuais, por meio de rifas. Através de rifas valendo prêmios como PIX, videogames, celulares e até mesmo carros, o influenciador conseguia, além de ganhar dinheiro, engajamento. Segundo o MP, esse sistema envolve lavagem de dinheiro.

As ações chamaram a atenção do MP após o sorteio de um carro de luxo blindado. A investigação desta sexta-feira (12), ocorreu com Dilson e sua esposa, Gabriela Sousa.

Houve prisão em flagrante de sua esposa, devido porte de arma de uso restrito, todavia, esta foi liberada após o pagamento da fiança de R$ 14 mil. Os advogados do casal, após o procedimento, relataram não terem tido acesso aos autos do inquérito.


A arma ilegal localizada na residência de Dilson e Gabriela
A arma ilegal localizada na residência de Dilson e Gabriela (Foto: Reprodução/X/@africanize_)

Movimentação dos valores

Os valores depositados dos sorteios eram direcionados para contas bancárias da esposa de Alves, fora empresas no nome do casal, e até mesmo parentes, conforme inquirição. A movimentação financeira alcançou o total de R$ 2,6 milhões.

Flávio Duarte, promotor de Justiça da 8ª Promotoria de Justiça Especializada Criminal, relata que toda a operação do humorista qualifica lavagem de dinheiro, sendo ilícito todo o valor vindo das rifas.

Estes valores são ilegítimos, pois, havia certo “distanciamento”, ao mesmo tempo em que se tentava mostrar que era lítico. Isso porque, inicialmente, os valores estavam na conta de um terceiro, e apenas depois era transferido para a empresa, incorporando-se a ela.

Parte do total foi utilizado por Nego Di para a compra de dois carros, que custam mais de R$ 630 mil. É investigado pelo MP a localização destes itens, bem como se houve o sorteio deles. Foi relatado ainda pelo promotor que não havia data para o sorteio das rifas, nem qualquer tipo de controle.

Ainda segundo Flávio, durante o sorteio houve a venda do veículo, não havendo esclarecimento se houve sorteio ou não. Uma empresa de negócios, parceira do influenciador, adquiriu o veículo diretamente. Ainda assim, mesmo sem o veículo, e com a venda concluída, as contas bancárias de Nego Di continuaram a receber valores pertinentes à rifa.

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