Nesta sexta-feira (28), o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estimou que o número de mortos em Mianmar deve ultrapassar 10 mil, após o terremoto de magnitude 7,7 que atingiu o centro do país. O tremor foi considerado o desastre natural mais letal dos últimos anos no país empobrecido e destruído pela guerra.
Até o ínício deste sábado (29), o governo militar confirmou mais de 1.000 mortes. No entanto, ainda há muitos escombros a serem removidos e os números devem subir à medida que as equipes de resgate recuperem os corpos presos nos destroços.
Perdas humanas e materiais
O terremoto teve mais impacto destrutivo na segunda maior cidade do país, Mandalay, onde vivem mais de um milhão de pessoas. O município já foi a capital real do país e hoje é um importante centro budista.
Sobreviventes em Mandalay, na ausência de equipes de socorro e maquinário mais pesado, começaram a cavar as ruínas com as próprias mãos, sem nenhum equipamento de proteção, na tentativa desesperada de salvar sobreviventes ainda presos debaixo do concreto.
No dia seguinte, o chefe da Junta de Mianmar, general Min Aung Hlaing, viajou até a parte mais afetada de Mandalay, perto do epicentro do terremento, que colapsou construções e provocou incêndios em algumas áreas.
Danos contabilizados
O terremoto desta sexta-feira está entre os maiores registrados a atingir o país do sudeste asiático no útlimo século. O abalo causou danos a aeroportos, pontes e rodovias em meio a uma guerra civil que arrasou a economia e deslocou milhões de pessoas. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que os danos foram significativos.
A torre de controle no aeroporto internacional em Naypyitaw colapsou e se tornou inoperante, segundo fontes informaram à Reuters.
Em uma primeira avaliação feita pela oposição em Mianmar, o Governo de Unidade Nacional (NUG) afirmou que pelo menos 2.900 prédios, 30 estradas e sete pontes foram danificadas pelo tremor.
O NGU é um grupo remanescente de legisladores eleitos e membros do parlamento eleitos pelo governo civil deposto pelo golpe de estado no país em 2021, que deu início à guerra civil.
Devido a danos significativos, os aeroportos internacionais Naypyitaw e Mandalay estão temporariamente fechados.
Governo de Unidade Nacional da República da União de Mianmar
Ajuda humanitária internacional
Hlaing fez um telefonema raro pedindo ajuda internacional. De acordo com a agência de notícias Reuters, as autoridades militares de Mianmar recebem neste sábado (29) centenas de equipes de resgate estrangeiras para auxiliar no resgate de mortos e feridos, assim como na busca de desaparecidos.
Uma equipe chinesa chegou ao aeroporto na capital comercial de Yangon, a centenas de quilômetros de distância de Mandalay e Naypyitaw. O grupo fará uma viagem de ônibus até o local, segundo informações nas mídias do governo. Suprimentos de emergência vindos da Índia em aeronaves militares também pousaram em Yangon.
Rússia, Malásia e Singapura também estão enviando aviões lotados de suprimentos e pessoal para ajudar neste momento. A Coréia do Sul disse que daria uma ajuda inicial de dois milhões de dólares em ajuda humanitária para Mianmar por meio de organizações internacionais.
Os Estados Unidos, que mantém uma relação áspera com os militares de Mianmar e impôs sanções às autoridades locais, incluindo o general Min Aung Hlaing, disse que também ofereceria algum tipo de ajuda.
O presidente Xi Jinping falou ao telefone com o chefe da junta, segundo informações da embaixada chinesa em Mianmar. O governo chinês se comprometeu em ajudar com recursos para o socorro, enviando tendas, cobertores e kits médicos de emergência equivalentes ao valor de 13,77 milhões de dólares.
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), bloco de 10 países que inclui Mianmar, reconhece a necessidade urgente de ajuda humanitária. “A ASEAN está pronta para dar apoio à ajuda humanitária e aos esforços de recuperação”, disse o grupo em uma declaração.
O país vizinho, Tailândia, também sofreu com o terremoto que chacoalhou prédios e trouxe abaixo um arranha-céu de 33 andares em construção na capital Bangkok. Pelo menos, nove pessoas morreram neste desabamento. As equipes de resgate continuam as operações de resgate no local desde então e buscam 47 pessoas desaparecidas debaixo dos destroços, dentre elas trabalhadores de Mianmar.