Primeiro xenotransplante em paciente vivo é realizado nos EUA

Lourdes Carvalho Por Lourdes Carvalho
3 min de leitura
Foto destaque: xenotranplante em humano vivo (reprodução/ gettyimages)

Na quinta-feira (21), o Massachusetts General Hospital, localizado em Boston nos EUA, anunciou que realizou o primeiro transplante do mundo de um rim de porco geneticamente editado em um humano vivo, no último dia 16. Embora o quadro do paciente fosse gravíssimo e sem divulgação de um prognóstico para expectativa de vida pós procedimento, a cirurgia foi um sucesso.

O que é xenotransplante

O xenotransplante é o transplante de órgãos de espécies diferentes. Rins e coração são os principais órgãos que vem sendo estudados para esse tipo de transplante. A rejeição do órgão transplantado, o crescimento indevido do órgão e a transmissão de doenças estão entre os desafios a serem superados.


Xenotransplante
“É uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos que enfrentamos.” Leonardo Riella (foto: reprodução/Twiter/X/@LRviella)

Segundo Riella, apenas nos últimos dez anos foi que o CRISPR permitiu a correção das diferenças que causam rejeição. CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats/ Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas) é uma técnica revolucionária de edição genética que se baseia na descoberta de que as proteínas Cas cortam o DNA, desde que seja dado a elas um RNA de reconhecimento adequado. Abre-se um grande leque de opções, uma vez que o RNA pode ser sintetizado no laboratório.

A técnica

Para minimizar a transmissão de doenças, os cientistas usam a fertilização in vitro e manipulam o DNA do ovo fecundado, antes que ele se transforme em embrião. É retirada a parte da cadeia genética responsável pela produção de enzimas proteínas que causam rejeição em humanos. Para potencializar a edição genética e evitar qualquer risco de contaminação, os porcos usados em transplantes são criados em condições estéreis.

O órgão suíno foi fornecido pela empresa eGenesis e submetido a 69 edições genômicas com a tecnologia CRISPR-Cas9, também conhecida como “tesouras mágicas” e que foi laureada com o Prêmio Nobel em 2020. Além da remoção de genes que causariam rejeição, foram adicionados genes para melhorar a compatibilidade em humanos.

Paula Felix

Nosso sistema imunológico pode tratar o órgão transplantado como uma infecção e o atacar, mesmo nos transplantes tradicionais. Para evitar a rejeição dos órgãos transplantados, são administrados imunossupressores.


Rim de porco é esperança para quem está na fila de transplante (Foto: reprodução/Getty Imagens Embed)


Segundo o Ministério da Saúde, até quarta-feira (20), havia 42 mil pessoas na fila de espera por algum órgão, no Brasil. Desse total, 39 mil aguardam por um rim, representando 92% da fila de espera.

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile