Problemas repetidos na Voepass levantam alerta

Yasmin Souza Por Yasmin Souza
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Destroços do avião da Voepas que caiu em São Paulo e matou mais de 60 pessoas na sexta-feira(19). Foto: SSP — SP

Documentos internos e imagens obtidas revelam problemas graves em aeronaves da Voepass, empresa recentemente envolvida em um acidente fatal em Vinhedo (SP). Em dois episódios distintos, menos de dois meses apartados, aviões da companhia enfrentaram falhas críticas, incluindo explosões no motor e emissão de fumaça durante o voo. Em 4 de dezembro de 2023, um vídeo documentou uma labareda saindo do motor de um ATR-62 600 durante a decolagem em Araguaína (TO), causada por um estol de compressor que interrompeu o fluxo de ar e levou ao cancelamento do voo. Outro incidente, registrado em 29 de janeiro, envolveu um ATR 72 que apresentou vazamento de óleo e fumaça no motor, além de defeitos sérios no sistema de proteção contra congelamento da asa. Estes problemas levantam preocupações sobre a manutenção e a segurança operacional da Voepass, sugerindo a necessidade urgente de revisão dos seus procedimentos de segurança.

Incidentes críticos com explosão e Fumaça em motores

Em 4 de dezembro de 2023, um incidente preocupante ocorreu com um ATR-62 600 da Voepass no aeroporto de Araguaína (TO). Imagens obtidas mostram uma labareda saindo do motor da aeronave durante a decolagem. O evento foi causado por um estol de compressor, uma falha que interrompeu o fluxo de ar nos dutos do motor, resultando em uma situação de emergência que levou ao cancelamento do voo. O ATR-62 600, com 11 anos de operação e histórico de serviço em empresas internacionais, está atualmente em manutenção no hangar da Voepass em Ribeirão Preto. A análise da situação revela preocupações sobre a manutenção da aeronave, que havia sido utilizada por diferentes operadores antes de ser arrendada pela Voepass.

Em outro incidente, registrado em 29 de janeiro, um ATR 72, de matrícula PP-PTM, enfrentou um problema grave com o vazamento de óleo, que causou emissão de fumaça no motor. A aeronave, com 16 anos de uso e operando com a Voepass desde 2015, começou sua trajetória na TRIP e foi transferida para a Azul antes de ser incorporada à frota da Voepass. Durante o voo, o comandante relatou a necessidade de desviar de áreas com formação de gelo, descobrindo posteriormente que o sistema de proteção contra congelamento da asa estava danificado, com rasgos que comprometiam sua eficácia. Esses problemas levantam sérias questões sobre a segurança dos procedimentos de manutenção e a prontidão dos aviões para operação segura.

O PR-PDS: sistema de degelo — (Foto: Reprodução/O Globo)

Pendências de manutenção e deficiência nos sistemas

A investigação revela também uma série de pendências de manutenção em um ATR-72 envolvido em um acidente recente. Documentos obtidos detalham problemas com “ação corretiva retardada”, que incluem consertos pendentes em itens triviais, como cortinas rasgadas e assentos quebrados. No entanto, quatro das pendências identificadas podem ter implicações significativas para a operação da aeronave. Entre elas, destaca-se um defeito no Indicador Eletrônico de Situação Horizontal (EHSI), um dispositivo que facilita a visualização simultânea de dados de navegação essenciais para o piloto.

O EHSI, embora não seja um item indispensável, desempenha um papel crucial na integração e exibição de informações de bússola, GPS e radar. Em situações de alta carga de trabalho e navegação complexa, a ausência deste dispositivo pode aumentar a dificuldade para os pilotos, potencialmente afetando a segurança e a eficiência do voo. A falta de um EHSI, conforme indicado nos documentos, sublinha a necessidade de uma revisão abrangente dos procedimentos de manutenção e a importância de abordar todas as deficiências antes da operação das aeronaves.

Esses problemas de manutenção levantam preocupações adicionais sobre a capacidade da Voepass de garantir a segurança operacional de sua frota. A presença de pendências críticas, como a falha no sistema de descongelamento da asa e problemas no painel de navegação, reforça a urgência de uma revisão rigorosa dos protocolos de manutenção e inspeção para evitar futuros incidentes e garantir a integridade das operações aéreas.

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