O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas repercutiu amplamente na imprensa internacional nesta quinta-feira (21). A Polícia Federal (PF) identificou uma “organização criminosa” que teria atuado de forma coordenada em 2022 com o objetivo de manter Bolsonaro no poder.
Entre os indiciados estão ex-ministros como Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Braga Netto (Defesa e Casa Civil) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Ameaça à democracia
Após o anúncio do indiciamento, o New York Times destacou que as acusações “aumentam significativamente os problemas legais de Bolsonaro” e evidenciam uma tentativa organizada de minar a democracia brasileira. O jornal ressaltou que, cerca de um ano antes das eleições de 2022, Bolsonaro lançou uma campanha para disseminar dúvidas infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas, afirmando que só perderia caso houvesse fraude em favor de seu oponente.
O New York Times também comparou os protestos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, ao ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de 2021, quando apoiadores de Donald Trump contestaram o resultado das eleições americanas.
Já o espanhol El País apontou que, durante seu governo, Bolsonaro frequentemente adotou um discurso que flertava com a ruptura democrática. O jornal destacou que ele se recusou a reconhecer a vitória de Lula nas eleições de 2022.
O francês Le Monde relembrou uma acusação de Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes, na qual o ex-presidente declarou nas redes sociais que Moraes “faz tudo o que a lei não manda”.
A CNN americana ressaltou que Lula venceu as eleições de 2022 por uma margem apertada e que, após o resultado, apoiadores de Bolsonaro rejeitaram a derrota e invadiram prédios do governo em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.
Por sua vez, a rede Al Jazeera noticiou que os seguidores de Bolsonaro ficaram “irritados” com o desfecho das eleições, destacando as tensões que culminaram nos atos antidemocráticos.
Em 8 de janeiro de 2023, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram prédios do governo em Brasília pedindo intervenção militar (Foto: reprodução/Eraldo Peres/AP/Picture Alliance/VioMundo)
Ameaça de assassinato a Lula
O britânico The Guardian relembrou o atentado à bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e alertou que, embora Lula esteja no poder, a ameaça representada pela extrema-direita permanece. A publicação também mencionou outros indiciados, como o argentino Fernando Cerimedo, estrategista digital e responsável pela comunicação da campanha presidencial de Javier Milei, na Argentina.
O argentino La Nación ressaltou que caberá à Procuradoria Geral da República decidir se apresentará uma denúncia formal com base nas investigações da PF. O jornal destacou que esta é a investigação mais delicada da trajetória de Bolsonaro, que agora enfrenta pressão crescente.
Por fim, o francês Le Figaro deu destaque a um suposto plano chamado “Adaga Verde e Amarela”, que teria como objetivo assassinar o presidente Lula. O caso foi revelado após operações da PF que levaram à prisão de militares e um policial federal nesta semana.
Matéria por Érica Monique Antunes (Lorena r7)