Ronnie Lessa diz que recebeu promessa de nova milícia por matar Marielle Franco

Stephany Nascimento Por Stephany Nascimento
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Foto Destaque: Ronnie Lessa falou por duas horas sobre os detalhes do assassinato. Ele compartilhou que acreditava que a proposta do crime seria o negócio da vida dele (Reprodução/Instagram/@marielle_franco).

O ex-policial militar Ronnie Lessa, confesso de ser um dos assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, informou detalhes sobre o pagamento e o plano de matar a vereadora. O vídeo da delação foi exibido com exclusividade no programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (26). 

O ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, foram apontados por Lessa como mandantes do assassinato de Marielle Franco. 

Pagamento 

O pagamento, de acordo com Lessa, seria dois loteamentos clandestinos em Jacarepaguá na Zona Oeste do Rio. Avaliado em milhões de reais, os lotes seriam destinados a ele e um de seus comparsas, o ex-policial militar Edmilson de Oliveira, apelidado de Macalé, assassinado em 2021. Lessa disse que naquela época o dinheiro envolvido poderia chegar a 20 milhões de dólares. O local seria um novo negócio de milícia comandado por Lessa.

Com o auxílio de localização por satélite, Lessa mostrou aos investigadores do caso as supostas áreas dos loteamentos que seriam criados. A Polícia Federal (PF) afirmou no relatório das investigações que não foram encontradas evidências concretas de que havia um planejamento para a ocupação da área. 

Os irmãos Brazão prometeram, segundo Lessa, que ele seria um dos donos do empreendimento criminoso. Na delação, ele disse que não foi chamado como um assassino de aluguel para matar a vereadora, na verdade foi convidado para “uma sociedade”.

Plano criminoso 


Ronnie Lessa durante delação exibida pelo Fantástico, da TV Globo. (Foto: reprodução/X/@g1)Ronnie Lessa durante delação exibida pelo Fantástico, da TV Globo. (Foto: reprodução/X/@g1)

A delação apontou que eles se reuniram três vezes e Marielle era colocada na conversa como um obstáculo para a execução do suposto esquema dos irmãos. Os encontros não puderam ser confirmados pela PF por falta de registros das operadoras antes de 2018, o que impediu o cruzamento de dados dos celulares dos envolvidos para a comprovação. 

Lessa também apontou que Domingos Brazão teria dito que o delegado Rivaldo Barbosa, naquele tempo chefe da Delegacia de Homicídios do Rio, atuava no plano e tentou protegê-los. Ronnie Lessa compartilhou que ouviu dos supostos mandantes que Barbosa estava resolvendo tudo e teria recebido no ano anterior para mudar o rumo das investigações.

Motivo da morte

Lessa informou que a vereadora Marielle Franco atrapalhava empreendimentos criminosos. Ele disse que Marielle teria organizado algumas reuniões com lideranças comunitárias, na Zona Oeste, para que novos loteamentos da milícia não fossem aceitos.

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