Guerra em Gaza: Hamas pede por libertação de Marwan Barghouti em acordo com Israel

Preso durante a Segunda Intifada Palestina há mais de 20 anos, o ativista palestino mantém grande apoio popular e é visto como um símbolo de resistência

08 out, 2025
Marwan Barghouti mantém popularidade mesmo após décadas preso | Reprodução/Tal Cohen/ Getty images embed
Marwan Barghouti mantém popularidade mesmo após décadas preso | Reprodução/Tal Cohen/ Getty images embed

Marwan Barghouti, ex-líder do partido Fatah na Cisjordânia, tem grande prestígio entre os políticos palestinos. Atualmente, o político é prisioneiro palestino em cárcere israelense, cumprindo cinco penas de prisão perpétua.

Em 2002, foi preso durante a Segunda Intifada Palestina, acusado de planejar ataques que resultaram na morte de cinco civis israelenses. Quando foi acusado, ele negou os crimes e contestou a jurisdição e legitimidade do tribunal que o julgou. Aos 66 anos, o líder, que é ativista desde a adolescência, é visto por seus apoiadores como um “Nelson Mandela palestino, que é capaz de liderar seu povo à independência. Para Israel, no entanto, é considerado um dos terroristas mais perigosos.

Hamas faz proposta de cessar-fogo

Devido à grande popularidade de Barghouti, o Hamas passou a exigir sua libertação através de uma possível negociação de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O acordo, se for aceito, poderia reconfigurar o cenário político palestino.

Mesmo com toda a pressão internacional e as tentativas anteriores de negociação, Israel tem se recusado sistematicamente a considerar a libertação do líder. O filho de Marwan, Arab Barghouti, afirmou em entrevista à CNN que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não quer libertar seu pai porque “não deseja um parceiro para a paz”.

Popularidade intacta após duas décadas

Mesmo preso há mais de 20 anos, Marwan Barghouti ainda é visto como o único capaz de unir as facções palestinas e consolidar a independência do território. Sua popularidade supera a do atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que está cargo há duas décadas e é frequentemente acusado de falta de legitimidade democrática.

A Autoridade Palestina (AP) passa por crises financeiras graves e sofreu denúncias de corrupção que, unidas às restrições impostas por Israel, enfraqueceram o governo na Cisjordânia. Críticos analisaram que a libertação de Barghouti poderia fortalecer a AP, cenário que não é conveniente para Netanyahu, já que vai contra à criação de um Estado palestino independente.


Líder palestino (Foto: reprodução/Uriel Sinai /Getty images embed )


O histórico de Barghouti

Ingressante do Fatah aos 15 anos, quando o partido era proibido por Israel, Marwan passou quatro anos encarcerado. Após ganhar sua liberdade, se tornou estudante de História e Ciência Política e ocupou o cargo de secretário-geral do partido na Cisjordânia, além de ser eleito membro do Conselho Legislativo Palestino.

Com os Acordos de Oslo, selados em 1994, o líder pôde retornar a Ramallah, sua cidade natal. A detenção acabou aumentando sua popularidade, reforçando sua imagem de líder carismático disposto a dialogar com diferentes correntes políticas palestinas. A última vez que foi visto publicamente, foi em um vídeo divulgado pelo ministro israelense de extrema-direita Itamar Ben Gvir, que o filmou dentro da prisão. Com uma aparência debilitada, a filmagem causou preocupação entre os apoiadores e familiares. Atualmente, Barghouti vive em confinamento solitário desde o início da guerra em Gaza, segundo familiares e organizações de direitos humanos.

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