Mesmo sendo uma geração que foi muito afetada pelo coronavírus, a psicóloga Rajita Sinha, professora da faculdade de medicina de Yale e diretora do centro de estresse da universidade, falou sobre os traumas da Covid-19:
“Assistimos a um grande sofrimento de crianças, adolescentes, adultos e idosos, todos vítimas de ansiedade e depressão. Ainda vivemos um estresse planetário, um trauma coletivo cujo impacto, físico e mental, atravessa diferentes recortes. Inclui não somente a doença, mas perdas, luto, insegurança financeira e suporte social, cujos efeitos são de longo prazo”.
Os idosos fortaleceram as famílias no meio da pandemia (Foto: Reprodução/iStock)
Na universidade, os pesquisadores estão analisando a expectativa de vida dos norte-americanos. No Brasil, a expectativa caiu de 76 para 72,3 anos por causa da pandemia.
“Sabemos que o estresse crônico é um fator de aceleração do envelhecimento e afeta a expectativa de vida. Nossa idade biológica, ou seja, a do organismo, avança em relação à idade cronológica, nos tornando mais velhos do que consta no documento de identidade. Queremos quantificar esse processo através de marcadores de envelhecimento em indivíduos de meia-idade e idosos no cenário da pandemia. Dependendo da forma como a pessoa vem conseguindo lidar ou não com os desafios que a cercam, sua expectativa de vida pode ter uma redução de seis meses a cinco anos.”
A psicóloga analisou sobre os casos de estresse, dependência e violência que aumentaram nos Estados Unidos. E de como os idosos foram importantes para atenuar o sofrimento.
“A situação familiar foi comprometida como um todo. Temos um conjunto de fatores que vai do isolamento a laços sociais rompidos, da perda de entes queridos à insegurança financeira. A escola e os professores, que têm um papel significativo em situações de crise, também foram impedidos de atuar no auge da pandemia, o que só aumentou o trauma. A população afrodescendente foi duramente atingida pela Covid, mas os mais velhos funcionaram como um poderoso ponto de apoio, capaz de amortecer o impacto do trauma.”
Nos Estados Unidos, o atendimento nos hospitais não são dos mais simples, e a Rajita Sinha, também ressaltou a importância da telemedicina para superar a Covid-19.
“É preciso que as famílias tenham todo o suporte necessário. Nos Estados Unidos, um indivíduo leva, em média, até 11 anos para receber tratamento para problemas emocionais e mentais.”
Em levantamento da Mind Share com trabalhadores em tempo integral, antes da pandemia, 59% das pessoas falavam sobre ter sofrido algum problema emocional ou mental, e em 2021, no mesmo levantamento, subiu para 76%, mostrando a delicadeza da situação.
Foto destaque: Idoso tomando a vacina contra Covid-19. Reprodução: Fotógrafos PMJ/Prefeitura de Jundiaí