Com a volta do calor, Europa volta a registrar casos de hipertermia

Bruno Gama Por Bruno Gama
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A chegada do verão na Europa é motivo de preocupação, foi registrado no mês de julho uma onda intensa de calor, que culminou na morte de milhares de pessoas devido às altas temperaturas. Nesta terça-feira (19), em Londres, a cidade ultrapassou a marca de 40°C pela primeira vez desde o ínicio dos registros.

O nome desse processo de degradação do corpo se chama hipertermia: quando a temperatura do corpo fica muito mais elevada que o normal, gerando desequilíbrios fisiológicos graves. O superaquecimento do corpo não está relacionados a agentes infecciosos, ele costuma destruir as proteínas presentes no paciente e afeta diretamente o funcionamento dos órgãos vitais.

Segundo a paramédica Priscila Currie, que atua em Londres, a grande maioria dos episódios envolvendo calor são de pessoas, desmaiando, desitratadas e com insolação. Pessoas com problemas cardiovasculares também sofrem em dias de muito calor, pois agrava esse tipo de problema.

Não é porque os britânicos são diferentes dos brasileiros. A infraestrutura é a questão, as casas foram feitas para manter o calor dentro, é um país frio. No verão, na Inglaterra, não costuma passar dos 33°C e mesmo quando passa, não dura o dia inteiro, chove depois. As crianças ao crescer aprendem a lidar com o frio, mas não com o sol’’, comenta a paramédica brasileira.

Outra curiosidade sobre a Inglaterra fica no metrô do país, o mais antigo da história, com 158 anos em funcionamento. A estação não possui ar-condicionado e a única ventilação do ambiente fica por conta do movimento do transporte.

Uma estrutura bem-organizada previne mortes. Tem muita gente se afogando por mergulharem em locais não apropriados para banho. Fora que, depois, teremos que lidar com as doenças provenientes da água, como infecções bacterianas e amebianas’’, ressalta Currie.


A exposição excessíva ao calor causa hipertermia (Foto: Reprodução/biologianet.com)


É possível morrer de calor?

Existem três tipos de hipertermia: a clássica, ocorre após exposição excessiva ao calor e ao sol; a de esforço físico, quando o indivíduo faz alguma atividade e o corpo não consegue retornar a temperatura normal; e a maligna, que surge depois do uso de certos medicamentos, como os analgésicos. Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventina, explica como funciona o processo do quadro:

Uma pessoa que fica com temperaturas altas durante muito tempo sofre hemólise, que é a destruição dos glóbulos vermelhos. O corpo começa a alterar as proteínas sanguíneas, e temos que lembrar que tudo no nosso corpo é proteína. Anticorpos, células, glóbulos brancos, o plasma sanguíneo, tudo isso começa a ser desnaturado. A frequência cardíaca sobe muito, rins, fígado e cérebro passam a ter dificuldade de funcionamento’’, disse Machado.

A água é uma grande aliada contra a hipertermia. O controle da temperatura corporal depende do sistema hormonal e dos rins, que controlam o volume de água no organismo e, consequentemente, mantendo a pressão.

Sintomas

Alguns sintomas comuns da hipertermia são: transpiração excessiva, dores de cabeça, tontura, fraqueza, câibras, alucinações, convulsões, pressão arterial baixa, respiração curta e acelerada, desmaios e náuseas.

Em caso de um atendimento não adequado, o paciente pode ir à morte. O tratamento para evitar o pior são banhos gelados e auxílio de ventiladores, toalhas molhadas e e refrigeradas também podem reduzir os danos.

Foto Destaque: Aaron Chown/PA

 

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