Corbevax: vacina anticovid deve ser doada à Índia para uso emergencial

Wagner Edwards Por Wagner Edwards
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O governo indiano divulgou recentemente que a vacina anticovid Corbevax foi aprovada para uso emergencial no país após entidades estadunidenses, responsáveis pela criação do imunizante, terem cedido, sem custo, o direito de produção à Índia.

O gesto de doar a receita de produção da vacina é uma tentativa de combater a distribuição desigual de imunizantes a qual ocorre nos 52 países mais pobres, os quais abrigam mais de um quinto da população mundial e só receberam menos de 6% do total de vacinas aplicadas pelo mundo.

A vacina recebeu o aval para uso emergencial na Índia no mês de dezembro de 2021, e a expectativa é de que ao menos 100 milhões de doses sejam fabricadas mensalmente pelo laboratório indiano elegido para a produção, o Biological E.


Cientistas desenvolvendo pesquisas em um laboratório. (Foto: Reprodução/Portal Connected).


As instituições norte-americanas responsáveis pelo desenvolvimento da Corbevax são a Baylor College of Medicine e o Texas Children’s Hospital. A produção foi elaborada sem o intuito de ser patenteada. Ainda, o desenvolvimento em laboratório é barato e os imunizantes podem ser armazenados em geladeira comum e transportados –– ideal para países pobres.

A novidade percorreu um caminho singular do laboratório até a fábrica. Foi criada com tecnologia já tradicional (subunidades de proteína) e contou com investimento de fundações empresariais como JPB, Kleberg e John S. Dunn. A Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) contribuiu com US$ 5 milhões e o governo dos Estados Unidos prometeu US$ 50 milhões para ampliar a capacidade do Biological E.

Dados sobre a desigualdade na distribuição de vacinas contra a Covid-19

Dados mostram que só uma campanha efetivamente global dará fim à pandemia:

– Dos 9,3 bilhões de doses de vacinas contra a covid-19 aplicadas até hoje, menos de 6% foram destinadas aos 52 países mais pobres, que abrigam 20% da população mundial;

– Cerca de 35 milhões de pessoas recebem a primeira, a segunda ou a terceira dose de vacina por dia, mas a grande maioria delas vive nos países mais ricos;

– Dos US$ 251 bilhões que serão gastos com o desenvolvimento e a compra de vacinas até 2026, uma parte mínima contempla países mais pobres, como os da África;

– A falta de uma campanha de imunização que atenda a todo o conjunto de países expõe o mundo inteiro ao surgimento de variantes com alto risco de contágio, como a ômicron, que está colocando em xeque a economia global.

 

Foto de destaque: Vacina anticovid. Reprodução/Johns Hopkins Medicine

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