Em vários locais, o uso das máscaras deixou de ser obrigatório, o comércio reabriu, a população voltou a frequentar as ruas e a vida, aos poucos, vai voltando ao normal, ou melhor, retornando ao que era antes.
Quando começou, a pandemia do covid-19 ocasionou sequelas, mortes , principalmente, medo. A angústia e a ansiedade de não ter certeza de como os próximos dias seriam, o receio de ser contaminado, o temor de transmitir ou perder algum familiar… foram sentimentos que se tornaram diários.
Essa mistura de sentimentos ainda apresenta resquícios na nossa saúde. Para início de conversa, é necessário compreender o que chamamos de medo.
Medo é uma reação natural, formada por um estado de alerta, que surge quando a pessoa se sente ameaçada ou em risco, seja fisicamente ou psicologicamente. Isso acaba gerando a liberação de substâncias como cortisol, adrenalina e noradrenalina.
Sendo assim, o indivíduo pode sentir palpitações, taquicardia, sudorese e até problemas gastrointestinais. Quando o medo é crônico, ocasiona estresse, depressão, ansiedade e diversos distúrbios psíquicos.
É possível sentir medo de milhares de coisas. Existem pessoas que têm medo de lugares fechados. Outras, de altura. Há até quem tenha medo de ficar sem celular, nomofobia, e o medo de ficar doente, nosofobia.
Entretanto, em 2020, surgiu uma nova fobia: a coronofobia. O medo da pandemia e do vírus ocasionou transformações radicais na vida de algumas pessoas. Elas passaram a higienizar tudo que vinha da rua para colocar dentro de casa, como compras de supermercado, se isolaram ao ponto de não buscarem ajuda médica em caso de doenças físicas ou psicológicas.
Hoje, mesmo com a diminuição das restrições, vacinas e medicamentos que ajudam no combate do vírus, centenas de pessoas ainda não se sentem seguras para “voltar a normalidade”, mantendo-se isoladas, tendo acesso a matérias sobre o vírus (algumas fake news) e imaginando um futuro trágico.
Esse medo é legítimo, a pandemia foi aterrorizante e marcará para sempre a história da humanidade. No entanto, é necessário seguir em frente. Agora, temos à nossa disposição informações confiáveis sobre vírus, vacinas e novos medicamentos.
A “coronofobia” é real e necessita de tratamento. (Foto:Reprodução/USP)
Nesse momento, é necessário tratar todas as sequelas que esse medo deixou na nossa sociedade. O ato de conversar e entender se fazem importantes neste momento. É importante destacar que sentir medo é normal, porém viver com medo, não é.
Foto destaque: Reprodução/FGV