Ficar longos períodos sem alimentos pode causar diferentes sintomas, algumas pessoas ficam enjoadas, com tonturas, dor de cabeça e mal-estar quando ficam um longo período sem se alimentar, no geral são gerados pela hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue). Porém há pessoas que ficam até duas horas após seu período regular de alimentação e acabam perdendo completamente seu apetite.
Perder o apetite significa que o organismo de algumas pessoas tem reservas de energia, pular uma alimentação é muito individual e não significa que o corpo precisa realmente se alimentar.Quando nos alimentamos a glicose permanece alta no sangue, e quando ficamos muito tempo sem comer ela começa um cair. Quando isso ocorre, o corpo precisa recorrer à glicose que está armazenado no fígado e nos músculos, sob a forma de glicogênio para obter energia. Quando pulamos, uma refeição o organismo gasta uma glicose circulante.
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Quando se corta os carboidratos no jantar e segue sem se alimentar até o almoço do dia seguinte, o corpo começa a queimar as reservas de gordura (energia), porque houve pouca ingestão de alimentos. Após o esgotamento da glicose o corpo passa a queimar gordura para gerar energia (cetose).
Andressa Heimbecher Soares, médica endocrinologista, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), explica que “quem faz intermitente ou uma dieta baixa em carboidratos fica com pouco estoque de glicose no organismo. Nessas pessoas, uma gliconeogênese mais fácil acontece, ela não precisa de 8 horas para acontecer – 2 ou 3 horas sem comer nada já basta “
O corpo possui 85% da energia estocada, quando na gordura do tecido adiposo, o restante de energia fica em 14% com as proteinas e os carboidratos (açúcares) ficam com apenas 1%. Carboidratos e proteínas são as principais fontes de energia. O organismo precisa degradar o glicogênio e transformá-lo em glicose, para que essas reservas sejam utilizadas, quebrando as proteínas para que se transformem em aminoácidos, o que ajuda também a reduzir as gorduras e os ácidos graxos.
Para que tenhamos substratos (moléculas) é necessário este processo, para que possa ser utilizado pelas células. Quando não estamos devidamente alimentados, estes processos são fundamentais para que possamos manter uma rotina básica, como trabalhar, estudar e passear. O equilíbrio das fontes de energia é regulado pela interação de dois hormônios muito importantes: a insulina e o glucagon, que são hormônios responsáveis pela regulação do metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e das proteínas. A diminuição da sensação de fome ou até a tolerância a ela é devido a essas engenhocas.
A médica endocrinologista do HUWC-UFC (Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará) e professora da universidade mesma, Virgínia Fernandes, explica: ” A ingestão alimentar é claramente controlada por um conjunto de fatores cognitivos, alimentar e de recompensa. Ela inclui o sistema nervoso central (hipotálamo), sistema digestivo, sistema endócrino e nervos sensoriais, que juntos são responsáveis pelo controle do apetite a curto e longo prazo “
Não é possível afirmar que todos que pularem uma alimentação vão continuar sentindo depois disso, ou que ela irá passar depois de determinado tempo, porque a fome é uma circunstância de cada organismo.
A perda de apetite não é um problema a curto prazo, como reações momentâneas causadas pela fome podem ser como uma queixa, mal-estar, estresse, o uso de medicamentos ou até a refeição anterior. De acordo com Fernanda Victor, endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Neves, da Clínica Nativite em João Pessoa (PB) e colunista de VivaBem: ” Antigamente havia uma concepção de que tinha que se alimentar de três em três horas. Hoje, a gente sabe que não necessariamente. Têm pessoas que conseguem fazer janelas de jejum e se adaptar muito bem “e ressalta que o jejum deve sempre ser orientado por um profissional especializado.
Em casos graves, quando não se tem uma rotina organizada a pessoa passa a ignorar como necessidade do seu organismo, desejando comer cada vez, menos podendo haver o desenvolvimento de distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia.
Foto Destaque: Relógio e alimentos. Reprodução / Julien Brachelet / Pexels