Um estudo publicado na Journal of Clinical Psychiatry mostra evidências que a ketamina – um anestésico hospitalar – contribui para a redução significativa dos sintomas da depressão. O medicamento é considerado uma terapia experimental e promissora para o tratamento de distúrbios de saúde mental.
A ketamina é um medicamento novo que possui um efeito mais rápido (Reprodução/Juliana Búrigo)
Ao longo de um ano, os pesquisadores da MindPeace Clinics, clínica que usa ketamina na Virgínia, nos Estados Unidos, avaliaram o uso em 400 pacientes. Aproximadamente 70% dos pacientes apresentaram melhoras no humor e 38% não sofria mais nenhum sintoma de depressão após 10 infusões. Depois de 15 sessões, os episódios de ideações suicidas diminuíram em 85%. Antes de participar desse estudo, os voluntários já haviam tentado outra forma de tratamento médico para depressão. Cada um deles recebeu seis infusões de 0,5 miligramas de ketamina a cada 21 dias.
Estudos anteriores mostraram que a ketamina é capaz de equilibrar os neurotransmissores, reconstruir conexões neurais mais fortes e alterar os processos de humor. Em 2019, a agência Food and Drug Administration (FDA), aprovou o uso da escetamina, um spray nasal derivado da ketamina, para pessoas com depressão resistente ao tratamento.
Mas o estudo possui algumas limitações. Não foi feito um rastreio de efeitos colaterais nos participantes, eles foram acompanhados apenas por ligações de enfermeiras após as infusões.
Como anestésico, o uso da ketamina se restringe ao uso hospitalar, que utilizam de doses limitadas para evitar reações adversas como aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, parada respiratória, náusea e vômitos.
No Brasil, a ketamina foi aprovada em novembro de 2020 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e deve ser administrada por um hospital ou clínica especializada e na presença de um profissional da saúde. O uso ainda não está disponível pelo SUS.
Foto destaque: Mulher com o sorriso desfocado. Reprodução/Tocantins Agora