O intestino é considerado pelos especialistas em saúde como o segundo cérebro do corpo e sintomas como ansiedade, raiva, nervosismo e tristeza podem ter origem nesse órgão. A ciência tem estudado cada vez mais a conexão entre o aparelho digestivo e a mente. A psicanalista Andréa Ladislau, explica a relação que o órgão tem com as emoções: “Quando este órgão está com seu funcionamento em desequilíbrio ou inflamado, são percebidos diversos transtornos emocionais, como desajuste de humor e até mesmo o tão famoso déficit de atenção. E em casos mais graves, são detectados sintomas intensos de depressão”, explicou.
A psicanalista completa dizendo que o intestino humano abriga, de forma natural, micróbios que exercem influência no cérebro, modulando as emoções e comportamentos. A explicação para a interferência está relacionada às substâncias químicas que estes liberam.
O professor da Universidade Federal da Bahia e médico, Júlio Barbosa Pereira, explica que o cérebro e o intestino trabalham pelas atividades voluntárias e involuntárias do organismo, segundo ele, estima-se que 50 % da dopamina do nosso corpo e 90 % de serotonina sejam processados no intestino, sendo assim, o desequilíbrio no funcionamento desse órgão pode causar prejuízos à saúde mental com sintomas de baixa autoestima, ansiedade, depressão, compulsão e até alucinações.
Desenho do intestino no corpo humano. (Foto: Reprodução/Instagram)
Um estudo realizado pela Universidade Cork, na Irlanda, em 2011, atestou que o Lactobacillus rhamnosus, uma das bactérias que vivem no intestino, foi capaz de alterar condições não só físicas mais também mentais dos ratos que receberam o dobro de doses do microrganismo na comida, com isso, o resultado foi que os animais ficam mais dispostos e relaxados ao receber os Lactobacillus.
Em 2013, um estudo feito pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, em humanos com as bactérias Bifidobacterium, Streptococcus, Lactococcus e Lactobacillus foi capaz de causar mudanças no sistema digestivo que atingiu também o cérebro: as áreas responsáveis pelas percepções de dor, temperatura e fome tiveram uma redução de suas atividades, enquanto as que gerenciam atenção e controle emocional tiveram suas conexões ampliadas.
Foto Destaque: Desenho de um cérebro e o intestino. Reprodução/Instagram