Na Terra Cana Brava, território indígena localizado no estado do Maranhão, as lideranças indígenas da região denunciaram a falta de acesso e escassez à saúde. Na aldeia Coquinho, onde vivem cerca de 700 pessoas indígenas, a última vez que a população recebeu a visita de um médico no local foi há seis meses atrás. Com isso, nos consultórios de um posto de saúde, os poucos remédios que foram encontrados estão fora da sua data de validade.
Em uma entrevista para a Rede Globo, uma moradora da aldeia Coquinho, Kerliane Nascimento, desabafou: “Aqui tem vários tipos de doenças, diabetes, pressão alta, tem a barriga distendida que se chama diarreia, tem as crianças manchadas. A gente não sabe o diagnóstico dessas crianças”. Um depoimento muito preocupante sobre a saúde dos cidadãos da aldeia.
Moradora Kerliane Nascimento dando seu depoimento (Foto: Reprodução/Jornal Hoje)
Outro morador da aldeia, o cacique José Luciano Caminha Guajajara, completou sobre esta problemática: “Não dão remédio. Muitas vezes a gente passa um remédio caseiro para passar aquela dor, mas não se cura”. Visto que é necessário um diagnóstico feito por um profissional para a indicação de tratamentos adequados.
Diante de toda essas situações e, sob muita pressão dos indígenas, o posto na Aldeia Coquinho, localizado em Jenipapo dos Vieiras, foi devidamente reformado em julho deste ano, porém nunca foi entregue para o uso da comunidade. Os equipamentos que seriam utilizados para a instalação de um novo consultório de tratamentos odontológicos nunca saíram de suas caixas, estão guardados há aproximadamente 5 anos.
A região da Terra Cana Brava possui cerca de 137 mil hectares, onde vivem em média 4500 indígenas da etnia Guajajara. Entretanto, os 3 postos de saúde que existem na reserva seriam para atender a 263 comunidades que estão em condições precárias de saúde. Desde o início de 2022, houve quatro protestos contra a situação de abandono da saúde nas aldeias.
Foto destaque: Remédio fora da validade encontrado no posto. Reprodução/Jornal Hoje