Arbitragem do Mundial de Clubes se destaca com critério firme e menos faltas
O novo formato do Mundial de Clubes da FIFA, realizado nos Estados Unidos, avançou às oitavas de final com um cenário positivo: além da qualidade técnica das equipes, a arbitragem tem sido pouco comentada – o que, no futebol, geralmente indica uma atuação eficiente. A postura dos árbitros e a forma como os lances têm […]
O novo formato do Mundial de Clubes da FIFA, realizado nos Estados Unidos, avançou às oitavas de final com um cenário positivo: além da qualidade técnica das equipes, a arbitragem tem sido pouco comentada – o que, no futebol, geralmente indica uma atuação eficiente. A postura dos árbitros e a forma como os lances têm sido conduzidos revelam uma mudança de padrão.
Os dados da Central do Mundial do Lance! mostram que, ao longo dos 48 jogos da fase de grupos, foram assinaladas 1.117 faltas. Isso representa uma média de 23,2 infrações por partida, número abaixo das principais ligas do mundo. Para comparação, a Premier League, considerada uma das mais organizadas do futebol europeu, encerrou a última temporada com média de 25,9 faltas por confronto. No Brasil, o Brasileirão Série A teve média de 25,2.
Esse número posiciona o Mundial fora do ranking das dez competições mais faltosas do planeta, conforme levantamento mais recente do Centro Internacional de Estudos de Esporte (CIES Football Observatory). Em contraste, a Série B do Campeonato Brasileiro figura a sexta colocação dessa lista, com 27,1 faltas por jogo.
Menos cartões, mais controle
O bom desempenho da arbitragem também se reflete nos números de advertências. Enquanto a liga inglesa registra cerca de quatro cartões amarelos por partida, a média do torneio intercontinental está em três — um dado significativo, considerando o nível competitivo dos jogos.
Em relação às expulsões, dez cartões vermelhos foram mostrados ao longo da fase de grupos. Destes, cinco foram para clubes argentinos: três para o River Plate e dois para o Boca Juniors.
Essa condução mais equilibrada se alinha com uma diretriz adotada pela FIFA para este Mundial de Clubes: reduzir ao máximo a interferência do árbitro de vídeo (VAR). As decisões têm sido tomadas em campo com mais autonomia e segurança, evitando paralisações longas e priorizando a fluidez do jogo.
Brasileiros cotados para a final
Entre os profissionais que compõem o quadro da FIFA na competição, dois árbitros brasileiros se destacam: Wilton Pereira Sampaio (FIFA/GO) e Ramon Abatti Abel (FIFA/SC). Ambos fazem parte da elite da arbitragem nacional e são apontados como fortes candidatos a apitar a final do torneio, desde que clubes da Conmebol não estejam na decisão, o que é critério da FIFA para evitar conflitos de interesse.
Segundo Rodrigo Martins Cintra, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, ao Lance!, a atuação dos brasileiros está acima da média. Ele ressaltou que Wilton e Ramon estão mantendo o mesmo padrão de comportamento que aplicam nos campeonatos nacionais, mas com uma diferença crucial: no Mundial, eles não estão sob o excesso de holofotes, como acontece no Brasil.
Para ele, o desempenho dos árbitros no Mundial serve como lição, a pressão exagerada sobre a arbitragem no cenário nacional pode afetar negativamente sua performance, assim como a dos atletas.
Ramon Abatti Abel durante Real Madrid x Pachuca, em jogo válido pelo Grupo H do Mundial de Clubes (Fotos: reprodução/Richard Pelham/Getty Images Embed)
Estrutura robusta e diversidade de profissionais
O corpo de arbitragem convocado pela FIFA para a competição conta com 117 profissionais, sendo 35 árbitros principais, 58 assistentes e 24 árbitros de vídeo. O Brasil também contribuiu com os auxiliares Rafael Alves, Bruno Boschilia, Danilo Manis e Bruno Pires.
Com critérios bem definidos, números positivos e poucas polêmicas, a arbitragem do Mundial de Clubes tem sido um dos pontos altos da competição. O equilíbrio entre autoridade e discrição dentro de campo mostra que é possível ter controle sem protagonismo — um exemplo que pode servir de referência para o futebol em diferentes partes do mundo.
