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O processo de reconstrução das cidades gaúchas começou após a melhoria das condições climáticas e a necessidade da população em voltar para sua rotina. O governo do estado está no planejamento das chamadas “cidades provisórias” em quatro municípios mais afetados pelas enchentes, que concentram 65% das pessoas que estão sem habitação.
A importância do senso de comunidade
O nome cidades foi pensado para melhor compreensão de como será o projeto desses abrigos e também precisam serem próximas às localizações conhecidas e comuns para a população e assim manter a unidade enquanto grupo como falou para a CNN, Renato Lima, diretor do CENACID (centro de apoio científico em desastres).
“É importante que o local respeite as necessidades de privacidade das pessoas. No primeiro momento, é aceitável, mas, conforme o tempo passa, a necessidade de um espaço reservado aumenta”
Como e onde serão essas cidades provisórias
Essas “cidades provisórias” terão cômodos para cada família e áreas comuns como banheiros com chuveiros, cozinhas e setor de lavanderia e uma parte dedicada às crianças e animais domésticos. Pelo histórico desse tipo de habitação provisória, os governos usam espaços já construídos e adaptam para tal finalidade. No caso do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre será o Porto Seco na região norte da cidade. Em Canoas, Centro Olímpico. Em São Leopoldo, a recomendação é no Centro de Eventos. Somente no Guaíba ainda não tem localização divulgada.
São Leopoldo com a cheia do Rio Sinos durante o período da enchente (Foto: reprodução/Digue Cardoso/Prefeitura de São Leopoldo)
Exemplos de outros projetos como esse
Até o momento, o projeto está sendo considerado dentro dos padrões desse tipo de tragédia natural. Essas habitações levam em conta os recursos presentes na região afetada. Enquanto nos EUA seguem um padrão, no Haiti em 2010, as vítimas do terremoto foram abrigadas em tendas segundo Renato Lima.
O processo de reconstrução do Rio Grande do Sul apenas começou e a população ainda precisa de toda a ajuda material e imaterial para seguir com sua vida.
O Estado do Rio Grande do Sul vive uma enchente histórica, onde pelo menos 425 municípios, dos 497 totais, foram atingidos pela chuva, deixando pessoas desalojadas, mortas ou feridas.
“Dentre as reações emocionais e comportamentais esperadas dessas vítimas, temos a própria tristeza, a angústia, a raiva, o choro, a preocupação com o futuro, a falta de apetite ou o excesso dele, e a insônia”, disse Miriam Alves, presidente do CRPRS (Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul), em entrevista à CNN.
Devido a toda sobrecarga de acontecimentos em pouco tempo e sem notícias certeiras do que acontecerá depois, a saúde mental dos gaúchos atingidos preocupa os profissionais da saúde. Uma das soluções encontradas é a telemedicina, onde voluntários da psicologia agem em situações de emergência, além daqueles que estão ao vivo, acolhendo adultos, idosos e crianças nos abrigos.
O futuro retorno para casa
Temos a “Síndrome de estresse pós-traumático”, que ocorre geralmente em vítimas de tragédias ou abusos. Barulhos de vento, chuva e helicópteros, por exemplo, podem despertar memórias dos dias difíceis de hoje no futuro. É necessário o acompanhamento dessas pessoas.
Milhares tinham suas vidas, trabalhos e casas. Ainda no clímax da tragédia, não é possível prever como será a reconstrução do estado.
Os voluntários, embora enfrentando a situação em linha de frente, vivem o calor do momento, focados em salvar cada dia mais vidas. A imagem da tragédia provavelmente só estará completa quando o ímpeto de sobrevivência passar.
Do outro lado temos crianças, idosos, pessoas alojadas que vivem no lugar de observação, vendo toda a destruição e agonia presente.
Nos abrigos, segundo relatos, o clima é de solidariedade e acolhimento uns com os outros, mas a incerteza de não ter para onde voltar assombra a população.
Como obter ajuda
Informe da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (Foto: reprodução/Instagram/@sbpdepoa)
Vítimas diretas e indiretas do desastre ambiental podem ter apoio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pelo SUS, nos seguintes pontos das cidades: CAPS (Centros de Atenção Psicossocial); UBS (Unidade Básica de Saúde); UA (Unidades de Acolhimento); Hospitais Gerais; Centros de Convivência e Cultura
Pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, um serviço online está sendo disponibilizado, voluntários e vítimas podem ter atendimento gratuito e remoto entrando em contato com o número (51) 99113-5950.
Nos próprios abrigos também há o acolhimento necessário, contando com profissionais de todas as áreas, inclusive da psicologia.
Como ajudar
“As condições atuais ainda não oferecem segurança plena para o retorno dos moradores. O risco persiste devido à previsão de novas ondas de chuvas para os próximos dias. Além dos perigos físicos, a preocupação com a saúde humana também é prioridade. A propagação de doenças é uma ameaça em ambientes alagados, representando um sério risco para a saúde pública.” diz a Defesa Civil, recomendando que as vítimas permaneçam nos abrigos.
As crianças entendem, mesmo que no mundo lúdico da infância, elas estão observando a situação, mesmo que não a leve como os adultos. O melhor a fazer é contar a verdade delicadamente, principalmente em casos de parentes que tenham sido vítimas. Contar aos poucos é muito melhor do que o choque da realidade chegar de uma vez.
Escute ativamente, evite fazer perguntas que façam momentos anteriores de resgate, da antiga casa, da escola ou de algo que tenha passado. Deixe que a vítima conduza o assunto no espaço em que se sinta confortável e não cause a sensação de reviver situações desesperadoras. Também evite perguntas sobre o futuro, ofereça sua compaixão, compartilhe coisas que tragam o mínimo de conforto para que não se sintam desamparadas.
Para ser um voluntário, é preciso apenas um cadastro feito no site da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul.
Mesmo enquanto o Rio Grande do Sul está envolto pelo caos provocado a partir das inundações, crimes voltados às mulheres não cessam e causam pânico em abrigos, especialmente aqueles que ainda não possuem recursos para segurança completa. Casos de abuso sexual, assédio e violência já foram relatados em abrigos de Porto Alegre e Região Metropolitana.
Luta pela segurança
Desde a criação de abrigos para as pessoas diretamente afetadas pela inundação ocorrente no estado do Rio Grande do Sul, se tem notícias de casos de violência e tumulto. Em primeiro momento, estes, eram apenas casos de furtos e assaltos com um ou outro tumulto generalizado, entretanto, desde o crescimento do salvamento de desabrigados e aumento de mulheres e crianças em espaços de acolhimento voluntário, crimes quanto a violência sexual se tornaram gradativos.
De acordo com a CNN, que teve acesso exclusivo a alguns desses abrigos, colchões dispostos com roupa de cama são diferenciados apenas por um urso de pelúcia para as crianças, mostrando assim a fraca configuração de espaço. Segundo o jornal, divulgações do local da casa ou de imagens do abrigo não foram permitidas pelas voluntárias por medo do local se tornar alvo para criminosos. O espaço que fica na Região Metropolitana é mais um dos vários que já relataram casos do tipo e fizeram o possível para aumentar a segurança com outros próprios voluntários e solicitando a presença de autoridades de segurança pública.
Nesta quinta-feira (09), em encontro com o Ministério Público do Estado, representantes da Prefeitura e do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a deputada estadual, Delegada Nadina (PSDB), levantou como tópico de urgência a criação de abrigos exclusivos para mulheres e crianças na capital. Segundo a deputada, tais instituições irão buscar locais em Porto Alegre durante os próximos dias com o intento de montar um espaço provisório para mulheres ao menos nos próximos três dias. O Ministério das Mulheres declarou em nota que a ministra recebeu denúncias na noite de terça-feira (07) e desde o dia seguinte montou uma força de trabalho interno no sentido de arquitetar medidas bem como para manter o diálogo com representantes da sociedade civil lá no estado gaúcho.
Segundo a pasta, desde as denúncias, forças policiais do Rio Grande do Sul informaram ter aumentado a segurança nos abrigos. É percebido que casos como esses são condicionados ao fato de muitas crianças estarem sozinhas, devido às muitas separações de famílias ocorridas nas enchentes. A fragilidade e vulnerabilidade das mulheres também é um explícito fator que caminha conjuntamente com o extenso número de lotação em abrigos, fazendo assim muitos casos passarem despercebido. O Ministério das Mulheres está organizando a ida da ministra ao estado e assim como uma equipe para ficar no local, entre outras ações.
Como ajudar o Rio Grande do Sul
Devido a catástrofe ambiental que assolou o estado gaúcho, muitos recursos estão em falta como roupas, alimentos, água potável, medicamentos, produtos de higiene pessoal, calçados e cobertores. Com isso, o governo do estado do RS e instituições na linha de frente de acolhimentos voluntários, divulgaram formas de ajudar:
Pontos de doação para gaúchos (foto: reprodução/ Igo Estrela/ Metrópoles)
Força Aérea Brasileira (FAB): três bases destinadas a doações para a população gaúcha
Base Aérea de Brasília
Endereço: Área Militar do Aeroporto Internacional de Brasília
Horário: 8h às 18h
Base Aérea de São Paulo
Endereço: Portão G1 – Av. Monteiro Lobato, 6.365 – Guarulhos – SP ou Portão G3 (Acesso pelo Aeroporto)