Rússia atualiza doutrina nuclear após visita a Coreia do Norte

A Rússia está atualizando a sua doutrina nuclear de acordo com o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov. A informação vem após o presidente russo Vladmir Putin declarar, na sexta (21), que a Rússia vai continuar a desenvolver seu arsenal militar após visita a Coreia do Norte. A Rússia é considerada a maior potência nuclear do mundo.

Segundo Peskov, Putin quer alinhar a doutrina com base na realidade atual. A doutrina atual do país diz que a Rússia pode usar armas nucleares em resposta a um ataque do tipo ou no caso de uma ofensiva convencional que represente uma ameaça à existência do Estado.

Putin, nesta sexta-feira (21), declarou que planeja desenvolver ainda mais a chamada tríade nuclear como uma dissuasão estratégica para preservar o equilíbrio de poder no mundo. Essa tríade é como são chamados os mísseis russos que são lançados por terra, mar e ar. A mudança dos parâmetros para o uso de armas nucleares é defendida por analistas russos desde o início da guerra contra a Ucrânia, mas Putin diz que não há necessidade da Rússia usar um ataque nuclear preventivo.

Um integrante sênior do Parlamento russo disse no domingo (23) que a Rússia poderia reduzir o tempo estipulado atualmente para tomadas de decisões se entender que as ameaças estão aumentando.

Visita de Putin a Coréia do Norte


Vladmir Putin e Kim Jonh-Un (Foto: reprodução/Vladimir Smirnov/Getty Images Embed)


As declarações foram feitas após uma visita de Putin a Pyongyang, Coreia do Norte, na semana passada para uma cúpula com o líder Kim Jong-Un. Foi a primeira vez que o presidente visitou o país em 24 anos. O país também tem armas nucleares. Na ocasião, os dois líderes assinaram um acordo que promete que cada lado forneça assistência militar imediata em caso de agressão armada a qualquer um dos dois.

A imprensa russa diz que Putin espera que a cooperação com a Coreia do Norte desencoraje o Ocidente mas ele não vê necessidade do uso de soldados norte-coreanos na guerra. O encontro preocupou a OTAN que afirmou que os países aliados da Rússia queriam que a aliança ocidental fracassasse.

A Guerra da Ucrânia

A Guerra da Ucrânia foi responsável por desencadear o maior conflito entre Rússia e Ocidente desde o fim da Guerra Fria. A última vez que foi vista uma tensão entre o país e o Ocidente foi na Crise dos Mísseis em Cuba em 1962. Desde o início da guerra, a Rússia recebeu mais de 16,5 mil sanções e precisou nacionalizar ainda mais a sua economia.

Exército bielorrusso faz manobras com armas nucleares táticas

Na  última terça-feira (7), a agência de notícias estatal Belta disse que Belarus teria iniciado verificações do quanto seu Exército estaria apto para implantação de armas nucleares táticas. Um dia após a Rússia ter afirmado que realizaria exercícios com armas nucleares, ao se sentir ameaçada pela França, Grã-Bretanha e Estados Unidos.

Inspeção surpresa

Ainda de acordo com Belta, Viktor Khrenin, ministro da Defesa bielorrussa, teria mencionado que o presidente Alexander Lukashenko teria ordenado uma inspeção de surpresa das forças encarregadas desse armamento.

Toda a gama de atividades, desde o planejamento, preparação e uso de ataques com armas nucleares táticas, será verificada. As verificações envolveram uma divisão de mísseis Iskander e um esquadrão de aeronaves Su-25.”

Viktor Khrenin

O presidente de Belarus comentou que havia um acordo entre ele e Putin desde 2023. Uma imensidão  de armas nucleares táticas russas  foram instaladas em Belarus.

“Ninguém usará estas armas para fins ofensivos, os equipamentos servem apenas para dissuasão.”

Alexander Lukashenko

 

Armas nucleares táticas são projetadas para uso no campo de batalha. Elas podem ser lançadas por meio de mísseis. Apesar de serem menos devastadoras do que as armas nucleares estratégicas, que são utilizadas para destruir cidades inteiras, são massivamente destrutivas. Ainda não foram utilizadas em combate.

Ameaça rotineira

De acordo com um porta-voz da inteligência militar ucraniana, Putin sempre fez chantagem nuclear, portanto não há nada de novo nessas manobras dos russos e bielorrussos.

Vladimir Putin, presidente da Rússia (Foto: reprodução/instagran@vladimir.putin_official)

 

Desde o início do conflito na Ucrânia, Putin tem feito ameaças com armamento nuclear. Em seu discurso à nação em fevereiro deste ano, ele alertou que havia um risco “real” de guerra nuclear. No ano passado, a Rússia abandonou o CTBT (Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares), retirando-se de um importante acordo de redução de armas com os Estados Unidos.

Agência nuclear firma que Irã tem insumos suficientes para fabricar várias bombas

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) manifestou preocupação com a situação de desenvolvimento nuclear do Irã. O órgão, que delimita as atividades do programa nuclear iraniano, tomou conhecimento de um relatório confidencial nesta segunda-feira (26).

Segundo o texto, o Irã conta com 27 vezes mais material do que o permitido no acordo de 2015 para a fabricação de armas nucleares, incluindo bombas atômicas.

A relação entre o governo do Irã e a Organização das Nações Unidas (ONU) têm piorado nos últimos meses. Em documento confidencial, o diretor-geral da agência, Rafael Grossi, faz menção às “declarações públicas no Irã sobre suas capacidades técnicas de produção de armas nucleares, o que reforça as preocupações“.

Irã está sujeito a acordo nuclear

Em 2015, o Irã selou um tratado com a AIEA e a ONU envolvendo o uso da tecnologia nuclear para fins militares. A ideia é tentar assegurar que o programa nuclear em andamento tenha fins civis. 

No acordo, o país concordou em limitar as atividades nucleares e permitir a entrada de inspetores internacionais na capital Teerã. Em troca, as potências globais suspendem as sanções internacionais.

Apesar da República Islâmica negar a intenção de produzir uma arma atômica, outro documento, datado em 10 de fevereiro, revela que o país possui 5.525,5 quilos insumos nucleares, em comparação com os 4.486,8 quilos registrados no final de outubro.

Isso é 27 vezes mais do que o limite autorizado pelo acordo internacional de 2015.

Irã rejeita a visita de inspetores


Bandeira da República do Irã (Foto: reprodução/R7 Entretenimento)

Em 21 de fevereiro, o chefe da política nuclear do Irã, Mohammad Eslami, negou a entrada ao país para Rafael Grossi. Em explicação dada a jornalistas, Eslami alegou estar com a “agenda conturbada” para atender o diretor da AIEA, e que as interações do Irã com a ONU seguem “normalmente”.

Dois dias antes, em entrevista à Reuters, Grossi havia afirmado que, embora o ritmo de enriquecimento de urânio tenha diminuído desde o final de 2023, o Irã continua enriquecendo a uma taxa elevada através deste ativo usado para o desenvolvimento de armas nucleares.