Ex-diretores das Americanas sofrem ameaças após delação premiada

Uma petição sobre dois episódios graves, supostamente ligados ao caso Americanas, foi enviada à Justiça Federal pela defesa dos ex-diretores, Flávia Carneiro e Marcelo Nunes. Eles fizeram delação premiada sobre as fraudes nas lojas. Os eventos também foram informados à PF e ao MPF.

Marcelo Nunes conta que no último dia 4, um homem portando um revólver na cintura, acompanhado de mais duas pessoas em um VW/Voyage, placa não identificada, teria abordado uma pessoa que mora no sítio de sua mãe, no Rio de Janeiro.

Um homem suspeito estaria atrás de Nunes e uma mulher das Americanas

O tal homem teria dito que estava atrás de Marcelo Nunes e de uma mulher das Americanas. Ele teria perguntado se Nunes tinha o hábito de ir ao local. As imagens foram gravadas pelas câmeras de segurança.

Flávia Carneiro informa outro evento acontecido às 6h20, quatro dias depois do ocorrido com Nunes. Um homem em uma motocicleta Yamaha, placa SRN5B95, na cor preta, estava observando a filha de Flávia, que estava indo para o colégio em uma van.

O indivíduo colocou o capacete e ligou a moto, esperando que a van saísse. Tudo indicava que ele iria seguir o veículo. Câmeras de segurança gravaram toda a movimentação.


Símbolo da justiça e do dinheiro (Foto: reprodução/Manusapon Kasosod/Getty Images embed)

Operação divulgação

David Tangerino e Shaiane Mousquer, advogados de Flávia e Marcelo, destacou algo estranho na petição à 10ª Vara Federal. Os dois delatores teriam colaborado com as investigações por mais de um ano, sem nenhum problema. Foi só deflagrar a Operação Divulgação, com acesso às defesas dos demais investigados, que os episódios de intimidação começaram.

Ex-diretores, executivos e presidentes das Americanas estão sendo investigados por fraudes nos balanços da empresa, totalizando R$ 25,3 bilhões. A operação investiga cerca de 14 ex- dirigentes das Americanas no Rio de Janeiro e bloqueou  mais de R$ 500 milhões em bem e valores dos investigados.

Americanas confirma fraude contábil e anuncia medidas de recuperação

Na última terça-feira (16), foi divulgado pela Americanas S.A que uma investigação independente confirmou a existência de uma fraude contábil em suas operações. De acordo com o comunicado oficial, a fraude foi identificada principalmente por meio de lançamentos indevidos na conta de Fornecedores, utilizando contratos fraudados de valor a pagar com clientes e operações financeiras conhecidas como risco sacado.

Impactos significativos

As evidências que foram apresentadas ao Conselho de Administração da empresa revelaram que os responsáveis por orquestrar e comandar as fraudes já não fazem mais parte do quadro de funcionários da empresa. A varejista ressaltou que as medidas necessárias serão tomadas junto as autoridades competentes, incluindo o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários.


Hacker (Foto: reprodução/Sean Anthony Eddy/Getty Images Embed)


A diretoria da empresa foi orientada, pelo Conselho de Administração, para avaliar e implantar medidas para a defesa dos interesses sociais da companhia, bem como o ressarcimento pelos prejuízos causados. Essa orientação visa garantir que a empresa recupere os danos financeiros sofridos e fortaleça seus controles internos para evitar futuras irregularidades.

A confirmação desta fraude contábil representa um grave golpe para a Americanas, podendo impactar na confiança dos investidores e do mercado em relação à governança corporativa da empresa. No entanto, a Americanas garantiu comprometimento em agir com transparência e rigor na apuração dos fatos e na punição dos responsáveis, buscando restabelecer a confiança do mercado e de seus acionistas.

Medidas a serem tomadas

Este caso mostra a importância de mecanismos mais tecnológicos de controle interno e auditoria para prevenir certos ataques e identificar as fraudes o quanto antes. A Americanas pretende usar essa situação como uma oportunidade para revisar e aprimorar suas práticas de governança, visando a fortalecer sua integridade corporativa e assegurar a proteção dos interesses e de seu público.

Além das medidas imediatas, a Americanas considera implementar um plano abrangente de recuperação e fortalecimento institucional. Esse plano irá incluir a revisão completa de seus processos financeiros e operacionais, acionando tecnologias avançadas de monitoramento de transações e contratação de especialistas em compliance e auditoria forense.

Miguel Gutierrez, ex-CEO das lojas Americanas, é detido na Espanha

Nesta sexta-feira (28), ocorreu a prisão do ex-CEO das lojas Americanas, formado em engenharia mecânica pela UFRJ e em economia pela UERJ, o brasileiro Miguel Gutierrez, que também possui cidadania espanhola, de 62 anos. A detenção ocorreu no continente europeu, na capital da Espanha, em Madri.

O empresário foi admitido na liderança da Americanas uma década após ser inserido na companhia, e permaneceu no cargo até o ano de 2022, após renunciar a posição de chefia. Seu nome constava na lista de procurados da Interpol, o rol de foragidos da polícia internacional, desde a data de 27 de junho, em razão da ordem de detenção preventiva, uma ação da Polícia Federal, auxiliada juntamente pela Comissão de Valores Mobiliários. Entretanto, ele ainda não havia sido localizado até o momento de sua prisão na sexta.


Ex-CEO da Americanas é preso em Madri (Foto: reprodução/Americanas Summit 2021)

Informações sobre o momento da operação

O ex-CEO, que é um dos principais investigados da ação Disclosure, havia se mudado para o país espanhol, após o início dos processos judiciais sobre fraude contábil, e, conforme divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, segundo as investigações da PF, antes de sair do Brasil, Gutierrez liquidou diversos bens financeiros, e enviou o valor adquirido a paraísos fiscais em outros países.

No momento, ainda não se sabe para qual centro de detenção ele será encaminhado, mas sua extradição já foi solicitada pelo Ministério Público Federal. De acordo com a PF, o engenheiro e economista foi encontrado com o auxílio do Centro de Cooperação Policial Internacional. Anna Christina Ramos Saicali, uma das ex-diretoras da Americanas, também está com o nome marcado como procurada pela Interpol, e segundo informações, provavelmente se encontra no país lusitano.

Um dos maiores crimes fiscais na história do Brasil

As investigações apontam que o prejuízo é de cerca de 25,3 bilhões de reais, o qual ocasionou um processo de recuperação judicial por volta dos 50 bilhões de reais, um marco histórico e de maior proporção já registrado no país. Foram diversas ações criminosas de teor contábil, como o uso indevido de informações privilegiadas, manipulação da bolsa de valores e corrupção fiscal. Se forem condenados, os envolvidos nos esquemas fraudulentos podem até ser presos.

Em um comunicado público, a companhia anunciou que está cooperando com as autoridades, e que se isenta de quaisquer tipos de atividades ilegais, como também espera o fim das investigações para que os devidos culpados assumam as consequências diante da justiça.

Justiça homologa pedido de recuperação judicial da Americanas

Depois do escândalo que ameaçou encerrar suas operações, a 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro homologou na última segunda-feira o plano de recuperação judicial do grupo. O anúncio foi feito pela empresa.

Durante o anúncio, a companhia acrescentou que “divulgará comunicados aos credores e ao mercado a respeito dos prazos a serem iniciados com a publicação da decisão judicial que homologou o PRJ”.


Empresa sempre teve foco na variedade de produtos (reprodução/Facebook/@lojasamericanas)

A varejista entrou com pedido de recuperação judicial no início do ano passado após a descoberta de um rombo contábil de 20 bilhões de reais, em um dos maiores escândalos corporativos da história do Brasil.

Prejuízo liquido passa de 4 bilhões

A empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 4,61 bilhões durante os três primeiros trimestres de 2023. Isso ocorreu após um prejuízo revisado de R$ 6,03 bilhões no ano anterior.

Em dezembro do ano passado, a empresa obteve dos credores a aprovação para um plano de reestruturação que incluía uma série de desinvestimentos, bem como uma troca de dívida por capital e uma injeção de dinheiro que poderia chegar a 12 bilhões de reais. Esse dinheiro chegaria principalmente através do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que vêm investindo na recuperação da empresa.

Atualmente, a dívida bruta da empresa se mantém praticamente estável no valor de R$ 38,37 bilhões. Mesmo sendo um valor alto, isso mostra que a empresa vem contendo seus gastos, o que é uma amostra importante do compromisso da empresa neste momento de recuperação.

Recuperação esperada ate 2025

Agora, a empresa entra em um momento em que o plano de recuperação começa a finalmente mostrar mudanças efetivas na companhia. A Americanas espera uma recuperação até o ano de 2025, o que é um número otimista, porém ainda realista, desde que as medidas corretas sejam tomadas.